quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A praia, sempre a praia e o sabor da água do mar. Os olhos contemplam a imensidão azul lá no fundo. Não disfarço as lágrimas e os gemidos de dor. Mais uma perda, mais uma pedra que fere não só o corpo como a alma. Não consegui ver as dimensões;é irrelevante.Mas a dor...essa senti da pior forma possível.
Junto ao mar, escondo os meus segredos. Enterro a minha dor nas dunas, percorro o areal e sinto os fragmentos das conchas magoarem-me os pés. Histórias e palavras, momentos, sensações...Tudo se concentra na praia ,enquanto sentada na rocha à beira-mar o meu coração deposita os seus enigmas.
Sinto-me sem chão, sem nada que seja meu inteiramente. Só culpa. Sou incapaz de espalhar felicidade. Deixei que o sol se afastasse do meu girassol. Não resistiu. Pereceu na minha mão impotente, sem acção. E restei eu sentada no campo, sorvendo os últimos raios da tarde e esperando a solitária noite que vem fazer companhia à minha solidão, à minha carência de afectos, ao meu egoísmo.
Veio a noite. Poderosa, enleva-me. Sinto-me num sonho bom... Um campo cheio de girassóis, vida, cor, alegria! E o sorriso dele de novo feliz, uma voz meiga que me entontece... Tudo tão belo, tão perfeitamente infinito... Mas, repentinamente, o sonho é um monstro de remorsos e tristeza. A noite abraça-me violentamente, aperta o meu corpo frágil, tira-me o ar. E nem sequer consigo acordar...

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

É como se não sentisse sequer.
Como se não tivesse corpo
E tudo desaparecesse na imensidão do vazio
Sem horas, sem razões, sem lógica.

Não quero pensar, mas a mente bate-me num combate desigual
Que já sabia que iria perder.
Não sinto mesmo.
Tenho corpo, tenho dias e momentos
E nenhum deles tem um significado.

(Agora, pela noite dentro, vagueio por aí
À espera de presas às quais possa roubar sentidos.)