A minha vida é uma manta feita de retalhos.
Momentos de seda doce, horas proibidas de cetim pecador,
Noite de veludo faminto de luxúria, de corpos que se encontram
Sem pudor.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Apetece-me morder os teus lábios,
Sentir o veneno entranhar-se no meu sabor
E apagar a luz.
Ficar em silêncio na escuridão da tua ausência.
Apetece-me fechar os olhos e sorver o teu beijo,
Morder o teu coração, sugar todo o desejo.
Morder-te os lábios e fazer-te sangrar,
Prender-te na minha boca enquanto a luz está apagada
E os olhos que nos rodeiam fechados.
Envenenar-te de mim, extrair paixão com dentinhos afiados
E deixar as marcas cravadas na tua carne.
Sentir o veneno entranhar-se no meu sabor
E apagar a luz.
Ficar em silêncio na escuridão da tua ausência.
Apetece-me fechar os olhos e sorver o teu beijo,
Morder o teu coração, sugar todo o desejo.
Morder-te os lábios e fazer-te sangrar,
Prender-te na minha boca enquanto a luz está apagada
E os olhos que nos rodeiam fechados.
Envenenar-te de mim, extrair paixão com dentinhos afiados
E deixar as marcas cravadas na tua carne.
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Hoje alguém me falou de Matemática por um simples acaso. Dizendo eu que nesta vida só a morte não tem solução, essa pessoa recordou-me que há sistemas de equações sem solução. E a frase simples, e cujo conteúdo encaixa perfeitamente na Ciência, caiu como uma bomba no meu colo. Na minha ânsia de tentar convencer-me que qualquer problema que surgisse acabaria por se resolver, esqueci-me das incógnitas, dos X e dos Y que teimam em derrubar muralhas que surgiram por pura necessidade estratégica. Depois de uma guerra, de dias de fome e de sede, de noites em claro, há impedimentos entre o mais profundo de mim e aquilo que se vê no dia-a-dia. Peguei num pedacinho de céu de uma noite bela de trovoada, de um dia cinzento e chuvoso, de um radioso dia de sol e de uma noite de lua-cheia. Juntei uma concha do mar e um bocadinho de areia molhada que se colou aos meus pés na praia. Fui ainda desencantar uma flor e rezei para encontrar uma raposinha pequenina que me dissesse "Cativa-me". Colhi uma estrela, roubei um batom vermelho. Guardei as memórias lá no fundo e ergui a minha valente muralha. E o tempo, meu indecifrável amigo, espalhou a sua magia. Chorando de cada vez que atravessava o rio e olhando as suas águas dormentes, decidi deixar que a raposinha chegasse ao meu coração cercado de céu, de mar, de lua e de batom vermelho-sangue. E ela, sorrateira, prometeu-me baixinho ao ouvido que iria raptar o meu coração. Mais uma pitada de tempo se adicionou e eu comecei a surgir, ainda que a medo, lá do fundo do meu muro de flor, estrela e praia. E, aos poucos, esqueci-me que quando há mais incógnitas que equações o sistema é indeterminado. E foi assim que o vento espalhou o céu, o mar, a estrela, a lua e derrubou a minha muralha tão cheia de mim e tão vazia de nada.
Já caiu a noite. Tenho como companhia uma música e uma garrafa de vinho tinto-paixão. E talvez uma pequena lagrimazinha também bata à porta e eu tenha de me levantar do sofá para lhe abrir a porta, não a ver e apenas senti-la tocar o meu corpo e abafar a minha voz. O néctar vai aliviar a dor do meu pensamento, de uma lógica que encaixa pecinhas de histórias, que relaciona sentimentos e factos, que arquitecta relações de causa-efeito. Nunca tive jeito para abrir garrafas, só para saborear o doce travo do vinho e sorvê-lo enquanto os olhos fitam a imensidão do vazio. Cortei-me com o saca-rolhas e um laivo de sangue espalhou-se na minha mão, desenhando formas que nunca vi. Pressiono para que páre. Sem sucesso. Descobri que tenho o coração escondido na mão morena e pequenina. Vejo-o apertado, dolorido. Pede clemência ao pensamento, implora por uma noite de sono, sem sonhos, sem pesadelos. Só descanso para o corpo, só uma almofada e uma manta para que não sinta frio; pede apenas um par de horas de tréguas para poder, pelo menos, tentar disfarçar umas olheiras profundas. E pede tempo para aprender a lidar com o ciúme e a rejeição, com a paixão e com a revolta. Pede somente um par de horas para aprender a disfarçar brilhos apagados de olhares que irradiavam desejo.
Um copo de néctar saboroso. O segundo, o terceiro... Uma noite longa pela frente e uma prece incessante a Eros para que páre de disparar flechas contra a minha mão. Pshh...o meu coração pequenino está ali escondido e a sangrar para ninguém o ver.
O álcool que me corre nas veias e que não tem efeito absolutamente nenhum, a garrafa vazia, a sala vazia, a mão vazia... A mão? Onde está o coração? Atiro a garrafa para o chão violentamente, os cacos espalham-se, um deles, pequeno e quase imperceptível, rasga a minha carne. E, ganhando vida, entra em mim procurando raptar o coração fugitivo.
O álcool que me corre nas veias e que não tem efeito absolutamente nenhum, a garrafa vazia, a sala vazia, a mão vazia... A mão? Onde está o coração? Atiro a garrafa para o chão violentamente, os cacos espalham-se, um deles, pequeno e quase imperceptível, rasga a minha carne. E, ganhando vida, entra em mim procurando raptar o coração fugitivo.
E não o encontrou jamais.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Faz-me falta a palavra mordida, envenenada de ciúme.
Roída, esventrada, sem essência.
Preciso que as palavras me saiam do coração
E não da boca, não da razão, não de noites perdidas a pensar.
Faz-me falta a palavra dolorida para combater a que me atingiu no coração.
Duas mãos para estancar o sangue que corre e corre....
Preciso de outra voz que não esteja gasta,
De um rosto novo, de um olhar diferente.
Quero chuva, sol, arco-íris. Tanto me faz.
As horas são todas iguais em diferentes relógios,
A noite continua a ser uma candeia apagada, morta.
Faz-me falta ser quem fui, quem não quis ser sendo.
Quero uma palavra qualquer para a minha raiva a transformar em cruel,
Para o meu coração destilar todo o veneno que o preenche.
Roída, esventrada, sem essência.
Preciso que as palavras me saiam do coração
E não da boca, não da razão, não de noites perdidas a pensar.
Faz-me falta a palavra dolorida para combater a que me atingiu no coração.
Duas mãos para estancar o sangue que corre e corre....
Preciso de outra voz que não esteja gasta,
De um rosto novo, de um olhar diferente.
Quero chuva, sol, arco-íris. Tanto me faz.
As horas são todas iguais em diferentes relógios,
A noite continua a ser uma candeia apagada, morta.
Faz-me falta ser quem fui, quem não quis ser sendo.
Quero uma palavra qualquer para a minha raiva a transformar em cruel,
Para o meu coração destilar todo o veneno que o preenche.
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