quarta-feira, 4 de julho de 2007

Julguei forte quem é fraco,
Julguei triste minha alma
E julguei sofrida minha alma.
Julguei-me fraca e forte.

Mas olho para tantas caras inocentes
E vejo tanto sonho e tanta esperança.
Sinto-me ridícula diante do espelho da vida
E dos olhos de quem me olha
Esperando agarrar a minha mão.
Vejo uma bailarina presa num quadro.
Olha-me, triste e livre, pedindo-me socorro.
Um vestido branco, contornos pouco definidos,
Fita preta no pescoço, expressão delicada.

Baila no azul acinzentado do meu quadro,
Voa no vazio, acompanha o compasso,
Dispensa a orquestra.
Apenas me pede, olhar suplicante, uma mão firme
Que a acalme.

Mas a minha mão ainda não acalmou
E não pode ainda sujar-se de tinta
Nem agarrar a pequena e frágil bailarina.
Mas a minha mão cansada ainda não encontrou paz
Para permanecer no vazio.
O violino descontrolado da orquestra
Finalmente encontrou as suas notas musicais.
Produz uma melodia serena, mas frágil.
O violino descompassado desenhava sons
No ar e perdia-se...

Mas o Maestro, de olhar negro profundo,
Ensina-o a seguir o ritmo dos outros instrumentos.
E a melodia é calma, as cordas magoadas voltam
A ser esticadas...
E o conjunto continua
(Com a alma em brasa e o olhar perdido...).
E se hoje chorei quando o sol se pôs
E se escondeu, choro ainda mais quando a lua
Se espelha no manto negro e o meu pensamento voa...

E se hoje, quando o sol se pôs, estava decidida a esquecer-te,
Agora, nesta noite fria, encontro-te e nao sei o que fazer...
E se hoje prometi não sentir mais o teu aroma,
Esta noite beijámo-nos e não pude fugir de ti
Nem do teu olhar a cruzar o meu...

E se tenho vindo a sonhar contigo...
E se te tenho desejado tanto...
E se te olho com fingido desprezo...