domingo, 30 de abril de 2006

Tradição Estudantil...

Uma glória. Um fracasso. Um sorriso atento. Um sorriso desapontado. A tradição estudantil e as suas diversas facetas estão patentes no mundo de hoje. O estudante é o impulsionador da tradição, do costume.
Todos juntos vivem, convivem, revelam-se... Têm a compreensão no olhar... Têm a vida a correr velozmente nas veias... O desejo do desconhecido pulsa cada vez com mais força.
São dias, semanas, meses, anos de partilha de alegrias e tristezas, frustrações e vitórias, desilusões e ilusões: partilha de vidas.
Ao cumprir a tradição, os estudantes sentem-se renovados, importantes! Conseguem ressuscitar um passado e um futuro...
Foi gratificante ler os sorrisos na cara de jovens mais velhos do que eu, jovens que venceram mais uma etapa: acabaram o seu curso e estão prontos para chegar a uma nova realidade, que estão dispostos a abraçar o mundo com unhas e dentes, apesar de saberem que não será fácil. As suas mãos são frágeis e inexperientes: precisam do apoio daqueles que com eles conviveram durante o tempo áureo da Faculdade!
E, ao longo de anos e anos, a tradição permanece...

Deserto...

O deserto continua a manter a sua magia. O deserto é o refúgio do sol e do frio. É o globo de vidro que embala a vida. No deserto há reflexão, há desespero, há transformações...
Porém, as pessoas esqueceram-se do quão imponente ele é... Todas pensam nele como um sítio sem ninguém e repleto de areia; todavia, esse pensamento não corresponde totalmente à realidade, porque as pessoas têm medo do silêncio, do canto do vento, dos milhões de ideias escondidos nos grãos de areia. As pessoas julgam-no um local despovoado, mas... Não, no deserto habitam reis e rainhas, fadas, mágicos, sábios... No deserto há vida, porque o objectivo é encontrar a água da vida, o motor para a sobrevivência; nas pessoas vulgares o objectivo é a ambição: não há tempo para meditar, encontrar-se com a magia de um simples olhar ou pensamento.
O deserto é um dos locais mais ricos: é rei sem coroa, mas possui a eloquência e a justiça; é feiticeiro sem varinha, mas carrega o poder nos seus experientes dedos enrugados e calejados de tanto lutar pela aceitação de um local aparentemente cru. O deserto é rico apenas porque uma outra entidade decidiu fazê-lo diferente de todos os outros locais; apenas porque algo ou alguém decidiu confrontar o calor sufocante e o frio cortante, a imensidão e o insignificante, a mais negra noite e o mais claro dia...
O deserto é o Deus da Meditação e do Disfarce...

sábado, 29 de abril de 2006

Deserto de Oportunidades...

A tempestade arrasa o deserto
Como se estivesse enfurecida.
A brisa tenta amenizar a situação.
É o confronto das oportunidades que surge.
A confusão das escolhas,
A incerteza do "eu"...

Todas as oportunidades
Se concentram em microscópicos grãos de areia
Macios e ásperos.
Tudo se complementa,
Esperando encontrar uma luz.

O objectivo está algures escondido.
A Mão que traça o Destino está radiante:
Delicia-se a cada gesto, a cada desespero...

A grandeza da vida,
Das oportunidades,
Das mudanças,
Dos sonhos
Resume-se a um nada!
Resume-se à simplicidade!

A magnitude da existência
É a manifestação dos sentidos,
Dos sabores e aromas estranhos
Que perfumam o ar
Com a sua invulgaridade.

O deserto é a oportunidade
De descobrir a verdadeira oportunidade...!

quinta-feira, 27 de abril de 2006

Deserto florido...

É um fenómeno raro e único. É o fruto do estio. O deserto é atapetado pelas flores belas e puras que espalham o seu aroma pelo ar... Aquilo que era areia, vento e pedra torna-se no local mais acolhedor! As cores das flores mostram a sua presença e dignidade durante o abafado mês de Agosto e fazem com que o silêncio se transforme no som agradável ao ouvido! Tudo se encontra em harmonia; este acontecimento é o sorriso do deserto e as flores são o efeito visual.
O deserto, que se encontrara deserto, espanta-se ao ver que está tão sereno! O calor do dia e o frio cortante da noite unem-se: transformam-se num só, porque querem agradar às flores que preenchem todo o espaço. As fracas raízes sabem qual é a duração da sua existência e, por isso, sorvem sofregamente o elixir da vida!
O oásis escondido, os camelos cansados, as sementes que desabrocharam e as pedras do caminho sentem a plenitude da Natureza... Sentem-se, vivem o seu "eu"...
Mas, quando tudo acaba, as lembranças permanecem na memória: os cheiros, as texturas, as carícias das flores, o cantarolar da brisa, a água cristalina algures escondida... O importante é que algo aconteceu! O importante é que se tornou especial porque foi algo raro e imprevisível... Foi a Mãe de todos nós que assim decidiu fazer as suas crias felizes, mostrando-lhes a simplicidade das paisagens, a brandura dos seres, a serenidade do "eu"...

Deserto de emoções...

Altas dunas transferem o seu poder
Para a desventura de um querer
Que se estende pelas ervas secas do deserto...
Estão tão longe; estão tão perto...

Uma imensidão que amansa a tropa feroz,
Que gela o dia;
Que atropela a quente noite,
Que adquire uma força atroz!

Um caminho linear e pleno de emoções.
A ilusão: a imagem da água apetecida
Confunde-se com a desilusão oferecida
Pelas pedras da melancolia.

O desespero levado ao extremo das perdições
Vividas mediante um deserto de sensações,
De cores, de vida, de morte, de sabores...
Um deserto de sentimentos e aromas...

É a magnitude de um deserto inefável;
Um deserto que é um paradigma inquebrável.
É a profundidade de um deserto sedutor,
Aquele que chama "amor" ao Amor...

quarta-feira, 26 de abril de 2006

Deserto de ideias...

Uma grande extensão de areia e pouca vida é suficiente para executar as súplicas da Mãe Natureza: a imaginação sem fronteiras ou limites; o ir mais além, a ânsia de viver...
Os grãos de areia são os fragmentos das ideias que surgiram ao longo do tempo, dos projectos inacabados e daqueles que fracassaram, dos projectos vencedores e daqueles que fizeram história. Os grãos de areia complementam-se: a mistura de cores e texturas, o tamanho, a sua história de vida... O oásis é o objectivo, é o projecto final... É o tesouro que está escondido na lentidão e na pressa do deserto; o camelo anseia por o encontrar e beber sofregamente a sua água fresca e cristalina, ou seja, deseja usufruir das regalias a que tem direito depois de percorrer a sua rota e encontrar o rumo correcto.
Num deserto de ideias, tudo está em contacto. Cada coisa tem o seu valor e prestígio, cada coisa é essencial à sobrevivência da outra. Cada dia que passa é uma vitória, uma etapa concluída, um chegar mais perto do destino e daquilo que ele deseja. Cada raio de sol é uma bênção; a chuva rara que o assola é uma dádiva dos céus que o observam... E a ideia começa a transformar-se em algo concreto, quiçá palpável... A ideia desenvolveu-se devido à multiplicidade de opiniões e pontos de vista... A ideia é o deserto... A ideia é o conjunto de tudo o que nele existe...

terça-feira, 25 de abril de 2006

Sombra do deserto...

Os camelos estugam o passo.
Os tuaregues seguem p seu trilho.
O deserto continua impávido e sereno;
A areia consegue manter um tom ameno.
Ao longe vê-se o brilho
Da água que às palmeiras dá um abraço.
A ilusão persiste na mente do viajante.
Uma sombra esconde-se nas pequenas pedras e ervas
Que da imensidão são servas...

A sombra do deserto aterroriza todas as sombras;
Mata o vulgar animal,
Adquire uma força brutal
Quando luta pelo seu objectivo.

É a rainha da noite e do dia;
É a alma da pacatez.
É a possuidora da altivez
E da melancólica alegria...

É uma sombra que se esconde
Em locais que ninguém sabe onde.
Apenas se sabe que os espinhos dos cactos
Ferem e hostilizam o retrato dos factos...

segunda-feira, 24 de abril de 2006

Deserto de palavras...

Milhões de grãos de areia que competem por uma oportunidade de chegar ao oásis que se esconde na imensidão do deserto... Milhões de nomes, verbos, advérbios, conjunções, locuções, preposições e interjeições desejam ser parte activa no deserto textual. São palavras que se escondem no meio de frases inacabadas e irreverentes.
O deserto envolve todos os grãos da sua areia e também todas as palavras que o descrevem. Sente a variação das temperaturas: sente o calor sufocante do dia e o frio atemorizante da noite; sente a rara brisa que o presenteia quando se sente feliz; sente o aroma do desespero das palavras perdidas, sente o sabor da sua desgraça...
É no deserto de palavras que se encontram os corações em desespero e os corações apaixonados; é no deserto de palavras que o equilíbrio existe. É no deserto de palavras que reside a beleza dos acontecimentos. É na simplicidade de cada despertar, no calor do sol no rosto, na maciez da areia que o ser se sente completo. Está desprovido de preconceitos e regras. Apenas possui as palavras, a arma da comunicação. Mas para quê comunicar no deserto? Sim, parece ridículo. Contudo, o ser pode comunicar consigo mesmo. E isso é o importante: encontrar a serenidade no meio do vazio com o propósito de se reflectir; encontrar-se no nada para poder viver o presente e o futuro...

sábado, 22 de abril de 2006

No Silêncio da Noite...

Nos contornos da noite esplendorosa,
Nada é visível.
A perfeição fogosa
Esconde a imperfeição invencível...

No Silêncio da noite reina um ser
Como tantos outros.
A sua doçura campestre
Amansa a atitude do mestre
Que grita para se livrar do tormento.

A coruja silenciosa e audaz
Avalia a presa. Incapaz
De resistir à tentação
De cair na armadilha perdição...

Cada silêncio é diferente,
Tal como cada crepúsculo.
O sol sorri e abraça o mundo,
Tornando-o minúsculo...
A alma é um ser ausente
Que cura o ferimento mais profundo,
Apenas mostrando aquilo que sente...

No Silêncio da noite há fadas,
Há magia,
Há histórias embelezadas
Com a ternura de cada dia...

sexta-feira, 21 de abril de 2006

Grito em Silêncio...

O silêncio é a tradição, é o costume. O grito de que rompe a fronteira entre o ser e o não ser surgiu há pouco tempo. Surgiu quando alguém decidiu enfrentar as situações. Contudo, há aqueles que ainda gritam em silêncio e de cujos olhos brotam as mais amargas lágrimas. Estão sufocados pela frustração, dilacerados pela angústia que está cravejada no seu ser. É algo inefável, é algo louco e aterrador.
Como é possível que alguém grite em silêncio? Como é possível perder a voz e continuar a gritar? Como?
Os olhos são o espelho empoeirado de uma alma que tentam renascer das cinzas, de uma alma que usa a ausência do barulho para se expressar; é uma alma que grita com um olhar ávido de felicidade.
E o grito? É forte ou fraco? É agudo ou grave?
O grito está concentrado na força e na fraqueza; o grito carrega a ilusão e a desilusão. É um grito imperfeito e desconhecido. É um grito que abarca todo um ser que se encontra débil para continuar a lutar, mas que almeja vencer; é um grito silencioso, objectivo.
É apenas o grito que define o silêncio... É um grito mudo...

quinta-feira, 20 de abril de 2006

Voto de silêncio...

Uma promessa.
Um voto mudo e singelo.


O silêncio impera num ser
Que se entrega ao silêncio que o acolhe;
Um ser dá-se de corpo e alma a um querer
Que a sua sina escolhe.

A calma reina no mundo silencioso.
Um cântico invejoso
Prepara uma armadilha fatal.
O barulho derruba o muro corporal
E torna-se imbatível.

Contudo, a magia que envolve o silêncio
É mais poderosa do que qualquer feiticeiro negro.
Essa verdadeira ilusão obriga-o a suplicar piedade ao primeiro.
O mal é o vassalo perfeito e verdadeiro.

E, no mundo do silêncio,
O voto recupera o espectro e a coroa...
E torna-se rei e senhor da verdade que na fantasia destoa...

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Vulcão do Silêncio...

A calmaria imperava no local. Naquele momento tudo estava bem: o vulcão estava tranquilo, sereno; a sua câmara magmática encontrava-se no local correcto. O magma estava todo concentrado. As emoções sentidas até à altura fazem com que aquele local seja demasiado pequeno; é demasiado denso, é escuro, é silencioso. Silencioso de mais. Não há movimentos nem reacções. Tudo é estranho. Demasiado estranho. A grande rocha que outrora ardia na densidade das emoções parece um corpo sem vida. A pressa ocupava a sua inerte vida; a perfeição estava presente em cada poro, em cada tecido, em tudo. E essa rocha sentia-se sufocada...
O destino transformou-a numa câmara de silêncio, da qual é a soberana. Sobreviveu a todas as tempestades que tentaram derrotar a sua vida; o sorriso inundava o seu rosto e o silêncio era um desconhecido. Contudo, ao longo dos anos sofreu uma metamorfose: enclausurou-se no seu silêncio; o magma fervilha dentro da sua alma...
Mas, o ciclo vicioso continua a mostrar a sua força. Esse vulcão está prestes a entrar em erupção. Está insatisfeito: não gosta do ruído nem do silêncio; não gosta da perfeição nem da imperfeição; não gosta de nada...
A lava quer conhecer novos mundos, quer espalhar o seu calor. As cinzas têm o profundo desejo de voar por entre montes e vales, querem acariciar rostos imperfeitos, almas destroçadas, almas misteriosas. Querem-se misturar no mundo do silêncio e no mundo da confusão. Querem viver cada dia como se um amanhã não existisse; querem gritar pelos céus por onde passam, querem acreditar nesse vulcão que lhes deu vida...
O vulcão que já não é o que fora em tempos. O vulcão deteriorou-se, sofreu a passagem do tempo, a singularidade da Mãe Natureza, a crueldade dos humanos, a força do vento...
E agora? Já não é ninguém, já não tem magma... O voraz silêncio, após a erupção, extinguiu-se. Desapareceu do mesmo modo que se havia instalado. E o ciclo continua...
Uma primeira fase de pressa; uma segunda fase de silêncio e, posteriormente, uma nova fase de ruído...
E o ciclo continua...
As denominações podem mudar com a passagem do tempo, mas o Vulcão do Silêncio é a origem, o início dos tempos e das eras... O Vulcão do Silêncio é único, porque cada silêncio é único...

Silêncio da Solidão...

Uma voz soa...
Um meigo cântico envolve a escuridão.
Uma simples alma voa
Para alcançar a insidiosa imensidão.

O silêncio da solidão
Habita a sua alma abstracta.
O silêncio da reflexão
Não aceita aquilo que constata:
o vazio, a calmaria...
O facto de não haver noite nem dia.

O silêncio da solidão é fatal.
É estar só no meio do nada.
É viver a turbulência da madrugada.
É retratar tudo de uma forma banal.

A solidão é doce e pura.
É um átomo.
É uma fracção irredutível.
É uma sensação indescritível.

Apenas é estar sozinho,
Sem voz...
Estar perdido no grande Caminho
Que possui uma armadilha atroz!

segunda-feira, 17 de abril de 2006

Altar do Silêncio...

Nenhum som. Todos os sons. Cânticos divinos entoados pelos anjos que habitam o céu. Loirinho, olhos azuis e cristalinos, sorriso estampado no rosto. Está em silêncio, mas está presente. O seu altar é a alma que guarda. O seu altar ilumina-se quando sente aquele ser que está a proteger. Não precisa de um espaço físico, concreto. O mundo do invisível e do abstracto é a sua casa. As suas asas são fortes, afáveis.
O ser que protege não dá pela sua presença. Mas sente que precisa do silêncio do seu templo, do seu local sagrado de oração. O ser não se sente completo se não for invadido pelo silêncio num plano concreto. O seu altar tem alicerces, tem cimento, telhas, tintas, imagens. O ser que está a ser protegido precisa de ver para acreditar, para se sentir bem com as suas escolhas.
O anjo loiro e de olhos cor de mar está sereno. Também ele teve uma existência no plano terreno; agora elevou-se... Está num plano superior... Está feliz.
O seu altar divino está ornamentado com as mais ricas coisas: amor, paz, calma, ternura.
Agora sente-se completo. Agora percebeu a sua missão.
Está pronto para abraçar alguém que está no mundo em que outrora viveu.
É um anjo que emana luz..., a luz divina...

domingo, 16 de abril de 2006

O Silêncio...

Ruído. Confusão.
Um ser eleva-se no meio da multidão.
Não é de carne e osso, apenas existe no mundo abstracto,
É simples acto...

É o silêncio. O rei da incerteza.
O rei da calma e da surpresa.
O sultão dos mil e um sentimentos...
A força de todos os pensamentos
E histórias...

O silêncio é a mais forte bofetada.
Nada ampara a sua queda numa pessoa,
Nada o impede de derrotar a vitória alcançada
Da alma que voa...

O silêncio é de ouro...
O silêncio é o sim e o não...
O silêncio é a razão...
O silêncio é a melhor palavra...

E o que nos resta?
O silêncio!

O voraz silêncio...
Oh como ele nos arrasta...
Oh como ele nos vence...
Oh como ele nos devasta...

É ele...
O silêncio...

sábado, 15 de abril de 2006

Porque não sorrir?

O sorriso, um sorriso. Ter sempre o sorriso nos lábios é diferente de esboçar um sorriso. Tudo depende de cada pessoa e da forma como encara a vida e tudo aquilo que lhe diz respeito: problemas, preocupações, alegrias, indiferenças, ciúmes, ódios, formas de contornar os obstáculos... Portanto, há pessoas que, pura e simplesmente, não sabem sorrir. Não sabem sorrir porque têm as marcas da vida na pele, não sabem sorrir porque apenas a tristeza e a dor existem nas suas vidas... Não sabem sorrir porque ninguém lhes ensinou.
Contudo, os mais sentidos sorrisos são aqueles que ninguém vê: os sorrisos da alma! Vemos alguém sisudo (exteriormente), mas não sabemos se a alma desse alguém sabe sorrir! Parece estranho; parece algo inimaginável... Mas, quantas e quantas vezes demos pelo nosso ser a sorrir? Quantas e quantas vezes houve uma reacção que nos mostrou um sorriso interior? Quantas e quantas vezes o nosso olhar foi o reflexo exterior desse sorriso escondido?
Quantas e quantas vezes esse sorriso interior quis conhecer a face humana e não conseguiu? Quantas e quantas vezes esse sorriso quis ensinar o outro sorriso a sorrir?
A vida é mesmo assim. Pessoas diferentes têm reacções diferentes, formas de agir diferentes, sorrisos diferentes...
Afinal, porque sorrimos?
Para mostrar o quão estamos felizes? Para mostrar que a vida nos corre bem? Ou será que sorrimos apenas para esconder a podridão de uma vida mal delineada?
E será que aqueles que, à primeira vista, não sorriem não serão mais felizes e realizados que aqueles em cujo rosto baila um sorriso?

sexta-feira, 14 de abril de 2006

Sorrir por um beijo...

São memórias de um passado
Cheio de sorrisos e olhares...
São memórias de futuro relembrado
Na imensidão da singularidade de dias pares.

O sorriso é o pedido.
O beijo é o presente.
O beijo é o fruto apetecido,
Que proibido se sente.

O beijo é o expoente do amor,
O beijo acalma a meiga dor...
O sorriso cristaliza o momento
Na velocidade do pensamento...

Sorrir por um beijo é deixar
A magia envolver dois seres...
É viver dois simples quereres
Que num apenas se vão transformar...

Sorrir em silêncio...

Sorrir em silêncio. Sorrir no silêncio. Sorrir para o silêncio. Ou apenas sorrir. O silêncio provoca os sorrisos, provoca as afirmações e as negações; o silêncio faz com que as desilusões surjam e magoem terrivelmente. O silêncio instala-se com uma meiguice suprema, vai ocupando o espaço vazio que o barulho deixou e provoca os sorrisos.
Sorrir em silêncio é complicado. Só alguns entendem a verdadeira mensagem do sorriso, a sua alma, o seu propósito... E nem toda a gente consegue sorrir. E porquê? A resposta reside em cada ser, em cada experiência, em cada vivência, em cada dia, em cada momento. O sorriso é diferente de pessoa para pessoa. O sorriso é a máscara mais poderosa que o ser humano possui e o silêncio é a arma mais mortal que existe. E tudo isto porque podemos esconder a nossa alma colocando um sorriso falso (porém, o nosso olhar não o consegue fazer; o olhar deixa transparecer cada um dos sentimentos que vagueiam na nossa imensidão) e podemos deixar que o silêncio erradique tudo: esta falta de som permite várias interpretações. Essas interpretações são perigosas... O que é passa a não ser... Tudo se encontra em mudança...
Mas, a verdade é só uma: apenas quem esboçou o sorriso sabe o que ele significa; o silêncio não passa de um fio condutor que, quando é atingido pela água, provoca danos irreparáveis...

quinta-feira, 13 de abril de 2006

À procura de um sorriso...

Procurar um sorriso
No meio de caras desconhecidas.
Procurar um pequeno paraíso
Em faces deveras perdidas.

Um simples sorriso é delicioso
Quando é honesto e verdadeiro!
Um sorriso é um profundo poço
Quando se torna traiçoeiro...

Procurar um sorriso não é simples.
É vasculhar os cantos mais obscuros,
Entrar nas almas mais soturnas...
Observar os traços escuros
Das espécies diurnas...

Mas a recompensa é o melhor tesouro!
Ver a simplicidade do gesto,
Sorrir porque encontrámos um sorriso de branco ouro,
Um sorriso puro e leal...

Esta busca constante é árdua...
Esta busca cansa a alma frágil,
Desafia a força do ser ágil
Que se esconde no baú misterioso...

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Hoje alguém me fez sorrir...


Hoje alguém me fez sorrir. Não conheço a pessoa. Apenas a vi. É uma senhora marcada pela vida, no seu rosto figuram rugas de experiência, de preocupação, do passar do tempo. Porém, li o seu olhar luminoso, a sua vontade de continuar a viver, não se deixando abater pelos duros anos da velhice. Sorri. Apenas sorri. Sorri porque vi algo simples e profundamente complexo. Sorri porque aquela imagem me deu esperança. Sorri porque o olhar da senhora emanava magia, a sua expressão fascinou-me. Vestia roupas simples, na cabeça um chapéu de palha. Curiosamente, estava a andar de bicicleta. Estava a viver, estava a mostrar que a vida é algo simples e que devia ser encarado como tal; mostrou que na simplicidade persiste a sabedoria, na simplicidade paira a pureza da verdade.
Sorri. Senti que no meu rosto tomara forma uma expressão pacata, uma expressão de quem se sente feliz por ver alguém feliz; uma expressão pura, sem segundas intenções. E isso deixou-me feliz. Senti-me assim porque vi a felicidade no rosto de uma desconhecida, alguém que, provavelmente, nunca mais encontrarei, alguém cujo nome não sei, mas alguém. Uma pessoa como tantas outras? Não... Sei que não o é; o porquê ainda não descobri, mas essa certeza está profundamente vincada no meu ser.
Hoje alguém me fez sorrir de uma maneira especial. Hoje alguém me ensinou algo através de um fugaz olhar. Hoje aprendi uma nova lição. Hoje aprendi a sorrir de uma forma diferente.
Mas o "hoje" já está quase a terminar... O terrível "amanhã" aproxima-se a passos largos. Mas eu sei que amanhã não me esquecerei da senhora da bicicleta, a senhora do olhar sereno, a senhora do coração meigo, a senhora desconhecida...

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Chorar e tentar sorrir

Do céu caem as mais puras lágrimas...
No verde prado tudo murcha...
A Mãe Natureza cumpriu o destino
E nada mudará este ciclo vespertino!

O choro abraça o sorriso de outrora,
A desilusão envolve suavemente
A ilusão do agora,
Enquanto o vazio chega tranquilamente...

Um oceano de preocupações
Devora o ser que lacrimeja...
Um mundo sem sorrisos de várias estações
Não tem força para cumprir o que deseja...

E o esforço permanece.
Ele tenta sorrir.
Tenta disfarçar a dor
Que fere o seu mais puro amor.

Mas não consegue.
Apenas porque a alma não tem vontade
De conviver com a verdade
E viver o momento que se segue.

Apenas porque é difícil fingir
Aquilo que o frágil ser
Está a sentir
Com um sorriso meramente falso.

Apenas porque o sorriso
Cresce no fundo de cada pessoa,
Não se preocupa com a alta proa
Que segura em seus braços a delicadeza
De um aviso
Que chegara tarde e já sem defesa...

domingo, 9 de abril de 2006

As melhores razões para sorrir...

Rir e sorrir. Dois conceitos semelhantes, porém diferentes. O sorriso é delicado. O riso é algo rude, algo sem importância, ou seja, rimo-nos de algo engraçado (uma anedota, por exemplo), mas sorrimos quando vemos o desabrochar de uma flor. O sorriso é a emoção.
As melhores razões para sorrir dizem respeito à própria pessoa e, por isso, variam de uma para outra.
Todavia, sem dúvida que a melhor razão para sorrir é existir. Tivemos sorte por nos termos tornado uma pessoa. Temos sorte por termos uma vida na qual somos a personagem principal, na qual decidimos os caminhos a seguir, as desculpas a pedir... Decidimos até em que espinhos nos ferimos.
A Mãe Natureza é outro bom motivo para nos arrancar um sorriso. Nela surgem fenómenos tão belos, tão plácidos, tão relaxantes, tão invulgares. Por exemplo, todo o sofrimento dos pinguins mostra a invulgaridade da sua origem Natureza) : todo o cuidado que têm para conceber um pequeno pinguim, todos os tormentos que passam durante o gelado Inverno (não podem comer, não podem largar as crias no gelo, visto que estas podem perecer...)... Tudo isso nos devia fazer sorrir. Tudo isso nos devia fazer ver a singularidade das espécies. Devíamos sorrir por podermos observar tudo o que nos acontece. Devíamos sentir o sorriso...
O nosso ser é também uma razão para nos fazer sorrir. Afinal, somos algo que se desenvolve ao longo de um vasto período de tempo, passamos por fases, fechamos ciclos e iniciamos outros, passamos pelas adversidades da vida e também pelas suas dádivas. Contudo, não sorrimos. Não conseguimos escutar o nosso pequenino ser, não o conhecemos. Apenas lidamos com ele e não damos importância àquilo que ele sente ou pensa. Apenas queremos satisfazer os nossos desejos. E, por vezes, são sorrisos maliciosos e cruéis que se desenham nos rostos. São sorrisos de serpente. Sorrisos que contêm o mais mortal dos venenos: a própria natureza do ser humano...

sábado, 8 de abril de 2006

O poder que transforma o ser humano...

Numa época mágica,
Uma história foi contada.
De uma singularidade trágica
Foi amargamente criada.

O poder é um transformador
De energia em pura dor,
De alegria em feitiçaria,
De encantamento em sofrimento.

O ser humano é a fonte
Inesgotável de vida.
O poder faz a ponte
Entre a realidade presente
E aquela que foi esquecida.

O poder é uma sombra hostil
que, quando usada em demasia,
É capaz de transformar a honesta sabedoria
Numa réstia de ignorância vil...

O poder é voraz.
O poder veleja
Pelo mar da crueldade...

O poder é capaz
De vencer qualquer peleja
Apenas por pura maldade...

E o ser humano é o seu objecto
De vingança...
Porque o cegou de tal forma (e sem afecto)
Que a sua triste mão a bondade não alcança...

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Poder que destrói...

O poder autodestrói-se. Vive tão plenamente que acaba por ficar cego e sem conseguir respirar. O incêndio que provocou destruiu tudo: todas as existências, todas as memórias, todas as pessoas e toda essa sua grandeza não passam de fumo e cinzas.
O facto de alguém ter poder faz com que esse alguém viva na sombra do mesmo; mas o facto de esse alguém ser o próprio poder faz com que tudo se desenrole num cenário negro, sem projectores para iluminar o palco, sem figurantes nem personagens secundárias: o poder e o ser humano fundiram-se num só. No primeiro acto e nas cenas que o compõem, é apresentada a personagem principal. Contudo, os espectadores não conseguem ver a magnitude dessa criatura. Tudo é negro. O poder destruiu o ser, a sua alma iluminada, o seu olhar angelical. O poder apenas alcançou a sua meta; o poder desempenhou o seu papel de vilão ostentando o ar de "bom moço"; o poder jogou a sua sorte. E o poder venceu!
Sim, venceu. Contudo, esqueceu-se de um pequeno pormenor: a sua própria destruição. Um poder sem poder não é nada. É apenas um simples e desprevenido...poder!

quinta-feira, 6 de abril de 2006

Amor e Poder...

Amor: estado de alma
Que se alimenta de ilusões
E que dispensa a calma
Quando está no mundo das recordações.

Poder: um querer impulsivo.
Na sua expressão transfigurada
Apenas paira o desejo decisivo
De se amar na madrugada.

Amor e poder não se confundem...
Amar não é querer poder
Nem poder ter poder...
Amor e poder são independentes.
São sentimentos descrentes
Das noites passadas junto das estrelas...

Amor é alma,
Poder é traição,
Amor dá-se e oferece-se na palma
Da modesta mão...

O poder é negro e não ofusca o amar...
O amar...completa o amor...
E, juntos, transformam-se num...poder!

quarta-feira, 5 de abril de 2006

Poder oculto...

Todos conhecem a sua denominação. Todos evitam falar sobre ele. E porquê?
Talvez porque ninguém tenha uma real percepção acerca daquilo que um poder oculto acarreta. Talvez porque esse poder seja uma sombra impregnada nas definições e características de outro poder, um poder simples e modesto e sem propósitos.
O poder oculto existe em cada um de nós, mas está escondido... Ele observa-nos, ele guia-nos. Talvez ele seja o nosso "eu". O poder oculto é especial. É o mais poderoso de todos os poderes...
Porém,(quase) ninguém o detecta. Ele vive na obscuridade de um pensamento, na ilusão de uma metáfora, no ridículo de uma ironia, no engraçado de uma hipérbole.
O poder oculto, o nosso poder oculto, é uma metáfora. É isto e é aquilo, mas também se pode transformar naquilo que queremos, naquilo que desejamos e naquilo que, instintivamente, lhe ordenamos.
Tentamos ignorá-lo, mas o nosso sentido animal ressuscita o poder do poder... E ele vive... Vive na plenitude da sua existência abstracta, vive a sua existência concreta... Apenas vive...

terça-feira, 4 de abril de 2006

Poder de escutar...

Poder. Arma pura.
Fragmento de frescura
Que a atenção revela.
Não se limita a uma querela.

Escutar, não apenas ouvir.
É ter a capacidade de dissuadir,
É ter a capacidade de amar...
É no mundo do outro mergulhar.

O poder de escutar quase se extinguiu...
Apenas divaga uma sombra na penumbra
Do sentimento que fugiu
E que já ninguém deslumbra...

Escutar já não é poder.
Escutar é um querer.
Ouvir é obrigação,
Ouvir é tentação...

segunda-feira, 3 de abril de 2006

Poder de voar...

O infinito é o limite. Voar, voar, voar. Voar para longe deste mundo cruel que nos sufoca. Voar para longe destas criaturas que se dizem humanas. Voar para longe de nós mesmos.
Era bom se possuíssemos asas grandes e protectoras; asas que nos levassem até outros locais, asas "físicas" que nos transportassem até aos locais mais soturnos.
Porém, também era bom se possuíssemos asas interiores... Asas que erradicassem aquilo que não queremos sentir e que tanto nos faz sofrer... Asas capazes de nos erradicar de nós mesmos.
Tudo é um sonho, quimera; pura fantasia. As asas não existem. Ou melhor, as asas existem nos animais que têm estrutura para as possuir. Nós, vulgares humanos, não conhecemos os nossos limites. Nós, vulgares humanos, usamos o nosso poder e abusamos do mesmo. Ele é capaz de nos cegar; ele é capaz de nos fazer cometer as maiores atrocidades. Perdemos tudo. Apenas o poder é o nosso "braço direito". Contudo, um dia, esse poder quebra. Esse poder não é eterno, esse poder é apenas uma sombra daquilo que somos.
O poder é um nada.
Voar é ser livre. E nós, humanos, não somos livres. Somos escravos de nós mesmos, do nosso corpo, da nossa vontade e dos nossos impulsos. Portanto, não podemos receber graça tão bela como a de voar!
Só os super-heróis o conseguem fazer; e nós, humanos, de super-heróis não temos nada! E porquê?
A resposta é simples: porque queremos aquilo que não temos e porque somos egoístas. Os super-heróis podem voar porque não o desejaram, são altruístas...
A verdade é dura...
Voar é uma realidade...
O ser humano é um fumo que fustiga o mundo...
A verdade é cruel...

Poder

Faculdade de um sujeito.
Escolhe. Várias opções rejeita.
E quem é o seu dono?

Rei sem trono,
Primavera sem flores,
Campo ao abandono...
Solidão de mil terrores...

Ter poder.
Ser o poder.
Vencer
Ou apenas perder.

Arrebatar o que não
Lhe pertence por causa
Da doce traição
Que não lhe dá uma pausa...

É poder...
É ter poder...
É escolher o poder
De ter poder!

sábado, 1 de abril de 2006

Turbilhão de emoções...


Tudo acontece ao mesmo tempo. Todas as cores, apenas uma cor. Todas as sensações, nenhuma sensação.
É como se os ponteiros do relógio avançassem demasiado depressa; tudo se centra no "eu" e no "outro". O ser entra num estado de permanente confusão. O ser não é capaz de resolver a sua vida: há uma miscelânea de sentimentos bons e sentimentos maus que se juntam à indiferença.
Não se pode fazer nada. A sensação é involuntária, a sensação tem a sua própria vontade.
O turbilhão sufoca a alma, a alma sufoca o ser e o ser destrói-se em míseros segundos. Outrora havia um "tudo" e um "nada" que se complementavam, mas, após essa destruição, existe apenas um "nada". Nada existe. Já não há vida, mas sim fragmentos de uma existência sensorial. Apenas pedaços de uma bola de neve denominada "Turbilhão de sensações" que arrasta todos aqueles que se atravessam no seu caminho.
O tempo recua. A história já não é colorida. Já não há som. A película é a preto e branco. Porém, o contraste é agradável. O contraste deixa-nos livres para escolher e imaginar o colorido da história e, assim, criar novas sensações e transmiti-las aos outros.
Aqui, somos obras e criadores simultaneamente. Geramos tudo e acabamos por destruir tudo...
Afinal, tudo não passa de um ciclo vicioso, não é?