quarta-feira, 27 de junho de 2007

Hoje também a guitarra chora,
Arranca a melodia produzida pelos acordes
E quer romper as cordas
E ver-se livre daquela Mão.

Amanhã também chorará.
E Ele deita-la-á para o lixo
Como se não tivesse valor.
As cordas serão pó
E a melodia desvanecer-se-á na escuridão.
E de dia observas-me.
Sorrio para ti, para ele,
Para todos.
Rio-me contigo e com ele,
Com todos os que me rodeiam.

(Mas no olhar há uma marca...)

E de dia observas-me
E não reparas na minha inquietação.
Não percebes o movimento frenético
Das minhas mãos
Nem o momento em que não deixo que a lágrima caia.

(Mas no olhar há uma marca...)

E a majestosa noite chega.
Não há lua nem estrelas.
Apenas escuridão e frio, muito frio.
E tu não estás.
E eu quero falar
Mas a promessa cala-me a voz
E...

E não sei.
E tu não estás...
E tu não estás...
Está frio.
O meu corpo já não se move.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Tenho frio e não tenho coração.
Arrancou-mo sem dó nem piedade
Apesar das minhas tantas súplicas.
Tenho frio e é de noite.
Arrancaram-me o sol vilmente.

Estou aqui sozinha sem coração e sem sol.
Não sei como continuo a sobreviver
E a respirar a brisa de angústia
Que o Destino me reservou.
Tenho vontade de dormir.
Estou tão cansada, tão cansada...
E ele não repara.
E ele já não me procura.
Passa por mim todos os dias
E ignora-me.
Sou apenas um dos seus objectos.

(Tempo, vem para aqui.
Também quero sentir.)

E num murmúrio o objecto desfaz-se
E apenas sobra o pó da dor...
E ele impera...
E o seu manto é belo, mas é nefando.
Nada posso fazer, não as posso impedir
De queimar o meu rosto e de ferir
O meu coração.
Nada posso fazer, não me atrevo a pedir-lhes
Clemência ou piedade.

Imperatrizes da minha vida, da dor.
Lágrimas cruéis, invulgares
Que tornam negras as folhas
E matam as flores e os sorrisos.

Apenas

Apenas sei que o dia é feio,
O sol não sorri, as flores choram.
Apenas sei que não há melodia
Nem vida nem reacção.
Nem ódio há.

Apenas sei que afinal o que sei é apenas um conjunto
De nadas que não me servem de nada,
Apenas me arrancam lágrimas cruelmente
E me deixam só num local que não conheço
Rodeada de gente, apenas gente.