domingo, 13 de maio de 2007

Menina, que meiga és!
A luz que emanas cega-me!
Queres dar-me um beijo?
Vem!

(E de repente apenas sinto raiva
E ciúme e ódio. A menina matou o que de bom
Em mim vivia.
E agora estou caída no chão de mármore;
Apenas vejo sangue à minha volta,
Sangue de uma condenada ao veneno letal
Chamado inveja.)
Acordei com uma nítida sensação de estranheza.
Sonhei com um passado que ainda magoa.
Recordações de uma flor bela e cheia de vida
Me vieram à memória.
O dia negro, a chuva, o fogo...
A morte do sol, da flor...

Onde estás, meu Amor do passado?
Será que ainda me recordas e adormeces feliz?
Por que veredas desconhecidas passeia a tua vida...
Sem mim, sem nós...?

Mas apenas vou sorrir e as lágrimas de saudade que cairão
Vão amenizar a dor que o coração sente por te ter perdido
Sem te dar um beijo de despedida.
O que sinto denomina-se indiferença.
Não sei definir (ou apenas não quero!).
Adeus! Estou cansada de escrever!
Não tenho vontade de exprimir o que sinto agora.
Não quero abrir as feridas de uma dor que não cessa.
Hoje não. Amanhã. Sim, amanhã será um bom dia.
São meras palavras que enchem os meus dias.
São apenas sons vocálicos e consonânticos.
Mas não gosto de as ler em voz alta.
Perturbam-me.

São meras palavras que sinto mas que não sei usar.
São meras palavras que me completam.
Apenas palavras desprezadas por todos
E glorificadas por Poetas.
(É apenas um desabafo.
É segredo. Apenas preciso de arrancar estes sentimentos
De dentro de mim. Sem pressas. Sem esperanças.)

Os olhos não brilham. Os dias de chuva
Fazem parte da minha vida. O sorriso
Apagou-se. A esperança perdeu-se.

Porquê? Não sei. Não procurei um motivo válido;
Nem sequer menti.

As mãos não querem escrever. Estão cansadas.
O império da Alma ruíu. Apenas encontro vestígios
De um passado glorioso.
(Mas é apenas um desabafo.)
Rosa negra no pescoço.
Traição. Ciúme.
Sorriso cruel.
(Eu sofro
E calo o grito
Que me aperta a garganta).

Rosa negra plena de espinhos
E de vida.
(Ah! Como dói! O sangue suja o chão alvo.
O meu corpo ali jaz).
Quero alcançar aquela estrela além.
Vem comigo, menina.
Preciso da tua luz
E do teu sorriso.
O meu apagou-se.

É urgente reacender sorrisos,
É urgente amar,
É urgente viver.
É urgente apenas sentir.
Noite escura e noite escura.
Dias de Primavera que enegrecem o meu mundo.
Não quero flores, não quero um céu azul.
Não quero folhas verdes nem arco-íris de desejo.
Não quero noites de Estio abrasador
Nem um mar azul e relaxante.

Quero adormecer na floresta cerrada
Que se apresenta a meus olhos;
Quero loucura, quero dor.
Quero-te.
Já pressentira o último beijo quando me tocaste pela primeira vez.

E hoje quero ser rainha sem coroa,
Fogueira sem chama, flor sem fruto...
Não te desculpes. Não me peças para ficar.
Deixa-me partir já e esquecer as tuas palavras.

Deixa que o nosso mistério permaneça,
Deixa-me ficar aqui abraçada a ti até chegar a hora
De chorar sozinha para que não vejas a dor que sinto.

E resta a lembrança...
Queria parar o Tempo
Para que o Tempo não me sugue a alma,
Para que não me deixe a mão cansada de escrever
Acerca do próprio Tempo
Que, afinal, é nada.
Nada e apenas nada.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Segredo

É segredo.
É meu.
E tu não podes saber.
Não quero que saibas.

Não queremos que saibas.
É nosso.
Somos cúmplices de uma verdade incómoda.
Preciso de ir lá para fora.
Quero gotas de chuva.
Quero raios e trovões.
Não quero ter raiva
E não quero chorar
(Como agora)
Sem saber o motivo
(Eu conheço-o perfeitamente
Mas "Shh", é segredo).
Está um dia cinzento e feio.
É assim que me sinto.
Sem razão, sem chão.
Não tenho um passado.
O Presente não conheço.
Apenas distingo dias de sol
E dias cinzentos.

(Vou para a cama e peço uma noite sem sonhos.)
E hoje não quero nem posso
Desprender o meu olhar do teu.
O meu beijo quer o teu.
A minha pele precisa da tua.

E se naquele Inverno eu tivesse seguido a Razão,
E se naquele Inverno tu tivesses seguido a Razão...
E hoje seguimos o instinto.

Mas tu não estás. Preciso apenas de te observar
Outra vez e deixar que te aninhes em mim.
Preciso apenas de me deitar a teu lado
E ver-te sorrir.
Em cada olhar teu e apenas teu
Descubro as chamas onde arde
O teu desejo.
Em cada palavra tua sinto a intensidade
De um sentimento inesperado, incontrolável.
Em cada murmúrio um sorriso.
Em cada beijo uma história.

Em cada olhar teu e apenas teu
Está presente uma marca do meu;
O brilho do meu
Que pertence ao teu.
Deixa-me segredar-te palavras loucas.
Deixa-me adormecer nos teus braços.
Mas deixa-me partir. Já não quero estar aqui.

Deixa-me murmurar-te palavras meigas.
Deixa-me olhar-te em silêncio.
Mas deixa-me ir. Já não quero estar aqui.

(Lês as minhas palavras gravadas num papel
Em voz alta. Os meus dedos calam-te.
Os teus olhos encontram os meus.)
A bailarina dança no meu quadro.
As palavras bailam na minha alma.
Hoje não quero. Hoje quero.
O quê? Não sei. Não quero procurar.

A bailarina que dança no meu quadro
Seca as minhas lágrimas.
As palavras que bailam na minha alma
Ferem o meu ardente coração.

E tu subtilmente me sorris;
E cumplicemente me olhas
Para me beijares quando a noite cair
E as estrelas forem as únicas testemunhas.