domingo, 9 de setembro de 2007

A noite que se apresenta a meus olhos
Avizinha-se longa e sem sono.
Quero adormecer sem sonhar,
Sem imaginar, sem sofrer.

A noite dos meus olhos não é mais que solidão,
Não é mais que desalento.
Quero dormir, dormir,
Mas o coração não deixa.

Ingénua! Inocentes olhos que acreditaram nos teus
E que procuram (ainda!) um sinal de mentira
Na verdade cruel da vida!

Pobre de mim que, sem sono, adormeço nas Trevas
Para nunca mais acordar.
Colheste rosas para mim
E sorriste.
Estendeste-me os braços acolhedores,
Simulaste meiguice.

Colheste rosas para mim
E sorriste.
Abraçaste os meus medos
Como se dos teus se tratassem.

Colheste rosas para mim
E sorriste.
Entrelaçaste as minhas mãos nas tuas,
Contaste-me mil e um segredos.

Colheste rosas para mim
E sorriste.
Encantaste-me.
Prendeste-me.

No cesto das rosas escondeste uma serpente
E fugiste.
Colheste rosas para mim
E sorriste.
É de noite. O silêncio impera no meu palácio.
O silêncio quebrou os espelhos
E as recordações;
Aniquilou sentimentos, afastou abraços
E deixou-me só, entregue à desilusão.

Há apenas o meu trono: tecido aveludado
Vermelho-sangue desbotado.
As jóias da minha coroa foram roubadas
E vendidas numa ruela de Crueldade.

E estou só no meu palácio a saborear o travo amargo
Do silêncio, a sentir a queimadura provocada pela lágrima,
A imaginar sombras nas minhas paredes reais.