quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Via Láctea

Em Ciências Físico-Químicas aprendemos que a Via Láctea é o nome da nossa galáxia. Tem os seus planetas, estrelas, corpos celestes... Mas ninguém nos ensina que esta nossa galáxia está inundada pelo horror, pela miséria, pela desgraça. Ninguém nos ensina que as estrelas que vemos são apenas ilusões, que não repousam em nós nem no brilho do nosso olhar. Ninguém nos disse que nas nossas simples vidas podiam cair meteoritos e causar grandes danos. Todos nos mostram uma existência luminosa, fértil.
Mas, com o passar do tempo, aprendemos que estamos susceptíveis às quedas nos buracos negros do nosso já complicado trilho... Aprendemos que temos de nos resignar àquilo para que fomos feitos. Afinal, somos todos da mesma massa.
Esta nossa galáxia é deveras curiosa. É enorme, intensa, misteriosa. Cravejada de dor, dilacerada pelo egoísmo.
Pobre Via Láctea...

Constelações

Pegasus abençoa a noite escura.
Um olhar penetrante pertencente a Aquila.
Pequenos pontos luminosos no vasto céu.

Durante séculos guiaram gentes,
Decidiram destinos,
Ajudaram a escrever páginas e páginas
Do livro do mundo.

Pequenos indícios de um mundo
Pouco conhecido e explorado.
Apenas se definiram nomes,
Fizeram-se listas e pequenas grandes investigações.

E o resto? O que existirá?
O que é que ainda não conhecemos?

Corpos celestes

Suscitam a curiosidade.
Atiçam o bichinho da investigação.
Descoberta, pesquisa.

Algo superior.
Acima de pessoas vulgares.
Corpos celestes.
Corpos divinos.

Cometas, estrelas.
Rasgos de mistérios.
Combinação de segredos.

Buraco Negro

No fundo. Aqui no fundo deste buraco negro.
Mesmo aqui, mas fora do alcance da tua mão.

Aqui onde estou há amargura e escuridão.
Há medo, insegurança.
Estado de degradação avançado.

O buraco negro em que se transformou a minha vida
Não pode desaparecer como por magia!
É demasiado denso,
Suga todas as minhas energias e esperanças.

A luz redentora da alegria apaga-se mal entra em contacto
Com esta dura realidade...

E agora?

Os mistérios ocultos dos eclipses

Sombra, fusão.
Um encontro.

Lua.Terra.
Metamorfose.
Junção de seres.

Mistério, enigma.
Apenas uma palavra é a chave
Que desvenda tudo.

Outro mundo.
Um mundo que não está ao alcance de ninguém.
Uma palavra, um segredo.

Plutão Despromovido

Por que infernos vagueiam teus amores?
Por que recantos de solidão passeiam teus poderes?
Plutão, deus da morte.
Pleno de vida.

Plutão foi despromovido.
Último em tudo.
Temido, difamado.

Soturno, afrontado.
Cruel, facínora.

Plutão sofre e luta.
Plutão esconde-se de si próprio.

Estrelas cadentes

Os olhos teus são duas estrelas cadentes.
Apenas os vi uma vez
E nunca mais me saíram do pensamento.
Nunca mais.

Apressadas, bailando no manto negro
Que, entretanto, ocupara o seu lugar.
Felizes, passeando pelo Céu.

Os olhos teus têm o brilho peculiar,
A Natureza indefinida.
Os olhos teus têm a tua luz.

A luz que só eu vejo.

A escuridão do dia...

É dia. O sol brilha.
O céu, pintalgado de nuvens, completa o quadro.
Vida, harmonia.
É dia.

É dia, mas o dia está afundado na escuridão.
É dia, mas a nefanda tristeza resplandece
Em todos os lugares.

Flores murchas.
Pétalas de sentimentos.
O fruto pereceu.
Não há dia.

Noite.Noite.Noite em pleno dia.
Loucura. Loucura em plena lucidez.

Para mim, tudo é escuro.
Não sei para onde vou,
Mas contrario o meu desejo de solidão.

Eu não sei. Eu não aceito nem entendo.
Eu e apenas eu.
Eu e a escuridão do meu dia.

Quero-te, Escuridão!

Vem, aconchega-me nesta noite de Verão
Em que sinto frio e dor.
Consola a minha mágoa, faz com que a arte nasça em mim.
Apenas na tua escura luz.

Quero-te, Escuridão!

Preciso de ti.
Já não respiro sem o teu conselho taciturno
E duvidoso.

Quero-te, Escuridão.

Acaricia a minha pele morena,
Retira o brilho que teima em aparecer no meu olhar.
Habitua-me a ti!

Quero-te, Escuridão!

Eu acredito na escuridão

Vou sorver cada gota de solidão.
Ingerir a droga que me deixa louca.
Viciar-me na escuridão dos dias e das noites.

Vou calcorrear as Trevas,
Conversar com demónios.
Vou enlouquecer na escuridão.

Contudo, é na sua paz que me sinto bem.
Eu acredito na escuridão.
Eu creio.

A escuridão sou eu!
Apenas nos encontramos dissimuladas.
Somos uma só.

E eu acredito em mim. Eu creio.

Na escuridão da tua alma

Na escuridão da tua alma,
Os meus versos transformam-se em poeira.
As minhas palavras não apagam nem transformam aquilo que és.

Não posso utilizar eufemismos para disfarçar
As tuas lágrimas.E as minhas.
Na escuridão da tua alma apenas eu vejo.
Povoada de sombras, de luzes sem vida.

Na escuridão da tua alma.

E questiono-me vezes sem conta.
E grito.
E choro.
E desisto sem querer desistir.

Solidão

Solidão, vai-te embora!
Não percorras a minha pele
Deixando a tua profunda marca de tristeza.
Vai!

Não sejas delicada,
Rasga os tecidos que me protegem.
E afasta-te de mim para sempre!
Vai!

Doce solidão, não me mantenhas prisioneira
De mim mesma dentro das tuas grades de ilusão.
Solidão, abandona-me.

sexta-feira, 25 de agosto de 2006

Fantasmas...

Os meus olhos choram, displicentes;
O meu corpo não responde aos estímulos exteriores.
Tudo se quebra a meu redor.
Já não sou quem era anteriormente.

Sou apenas o fantasma que habita castelos em ruínas,
em ruínas de quimeras, de tempestades de emoções.

Vagueio pela noite escura.
Deambulo pelos locais mais nefandos,
Alimento-me da podridão.

Eu e os outros fantasmas.
Aqui não estamos sós.
Aqui encontramos a réstia de esperança que vilmente
Nos arrancaram.

Para além da esperança, furtaram a luz dos nossos olhos.
E agora estamos aqui, em plena noite, esperando que o Destino
Nos encontre...

Sombras na escuridão...

De uma negritude maravilhosa,
De um espaço tão denso e sedutor.
Movem-se aquelas minhas sombras na escuridão.
Movem-se. Acompanham o ritmo da Natureza.

Pérfidas, cruéis. Minuciosas, perspicazes.
Bailam na brisa forte, mudam o rumo das marés.
Arrancam o fruto ainda verde das delicadas flores.

Sombras que me confundem.
Não sei de quem são...
(Se é que pertencem alguém...)
Arrancam pedaços de mim com lâminas afiadas.

Já não sinto dor.
Também eu sou uma sombra na escuridão...

És luz

És luz, dia, claridade, aurora.
O sol acaricia a tua pele macia,
Cria novas cores com os fios do teu cabelo castanho.
Os teus olhos doces brilham.

Tu vibras na energia do Universo.
És luz.
Luz divina, redentora da quimera.
Por ti passeiam as melodias que encantam a manhã.

Mas não és a minha luz...
Não serás apenas porque, instintivamente,
Apagas a minha.
Não me deixas brilhar a teu lado.

Luz negra

Avassaladora, mas decrépita.
Intensa, mas frágil.
Negra, mas uma luz.

Fraca, impura.
Passeia-se pela loucura.
Destila veneno,
Destrói os acordes suaves do dia.

Alcança os abismos, apaga a vida.
Morte, sangue, horror.

É perfeita.

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Luz ténue

Não, não está tudo bem.
Obrigada pela preocupação.
Obrigada pelas ilusão, pelas palavras
Aparentemente doces.

Obrigada por me teres encandeado,
Quase cegado.
Obrigada por virares as costas.
Eu acreditava.

Há algumas míseras horas eu acreditava.
Agora?
Não sei qual é este agora que me magoa,
Que me mostra quem és.

Apenas descobri que não és o astro rei.
Apenas reflectes a luz ténue da lua.
Não és tu. É outro.

Uma luz no fundo do túnel

Ainda acredito que te vou ver brilhar,Luz.
Observar-te-ei no fundo do buraco negro
Em que, irracionalmente, me meti.
Estarás lá para me ajudar a habituar
Os meus chorosos olhos à claridade
Que há muito não vejo.

Não sei como é o dia.
Só conheço a noite que me algema,
Tortura e, simultaneamente, regozija
Por me ver assim.
Assim- um farrapo.

Neste túnel chamado vida
Já me tentei esconder,
Deturpar o sentido desta existência madrasta.

Mas tudo em vão.
Tudo.
Só tu me podes resgatar de mim mesma.

Luz misteriosa...

Sinto-me fria.
Sinto-me vulnerável.

Esta luz confunde-me.
Não sei de onde vem,
Não a sinto como minha.
É uma luz misteriosa que alimenta aquilo que sou agora.

Agora. Aquilo em que me transformei neste momento,
Não o que realmente sou.
Estou fria, vulnerável.
Frágil.

Esta luz não me ampara,
Não me ajuda a procurar as chaves de que necessito
Para abrir o baú dos sonhos.

Talvez o sonho que me foi destinado
Seja um mistério que se destruirá
Quando a chave rodar na fechadura...

terça-feira, 22 de agosto de 2006

A luz da vida

Tu, luz da vida.
Nos olhos teus bailam estrelas cadentes.
No teu sorriso amistoso habita a esperança.
Criança, és tu a luz da vida.

Gesto genuíno.
Pura inocência.

Tu, luz da vida, fazes com que o dia negro
Que se avizinha se torne belo.
Tu plantas um sorriso no meu rosto,
Consegues colorir a minha vida com a tua imaginação.

Tu és a minha fada.
Levas-me para o teu mundo encantado
E é aí que sou feliz...

Luz do luar

A luz do luar banha a noite silenciosa.
Desnuda medos e tentações.
Engenhosa, ela desvenda todos os mistérios.
Sedutora, fonte de prazer.

É diferente em cada fase.
Emite uma energia peculiar.

Lua cheia, rainha da noite.
Do seu trono observa as suas aias estrelas.
Vistosa, encantadora.
Enfeitiça com a sua beleza e simplicidade.

Lua nova, transformação!
Ali está, no meio do vasto céu.
Tímida, fiel.
Sorridente e franca.

Quarto crescente, o despontar da vida.
Conjunto de experiências, vitórias.
Quarto minguante, a morte.
As derrotas, fracassos.

Ou será apenas renascer?

Ultrasónico

Ruído ensurdecedor.
Confusão de palavras e de ideais.
Velocidade, mistura de ondas sonoras.
Ninguém se entende.

Barulho, apenas barulho.
Um nada.
Demasiadas opiniões.
Ninguém se entende.

As vogais e consoantes passam velozmente,
Não se deixam apanhar.
Misturam-se, multiplicam-se.
Assim ninguém se entende.

Ultrasónico.
Rápido.
Assim é que ninguém entende!

O caminho mais rápido para sair do vício

Vício, prisão.
Vício, sagacidade.

Vício de ti,
De nós.
Vício de te ter,
De te aprisionar em mim.

Este vício conduz-me ao abismo,
A sua luz ofusca-me.
Já não sou eu,
Já não me sinto eu.

A dependência que criámos é poderosa.
Não sei se consigo sair dela,
Mas tenho a certeza de que me faz transforma,
De que me faz mal.

O caminho mais rápido para sair deste vício é perecer.
Perecer sem ti e contigo,
É levar comigo esta loucura em que me transformei.

O caminho mais acertado é esquecer e
Recomeçar.
Mas sem me viciar outra vez...

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Não consigo ser mais rápido

Não posso.
Não quero.
Não consigo.
Não consigo ser mais rápido
A esquecer o que me magoa.

Apenas não consigo ser indiferente
Ao meu passado, ao meu futuro.
Nas minhas veias esconde-se o fantasma da destruição.

Quero saciar esta fome de vingança de tudo e de todos,
Apagar o que de cruel me fizeram e apenas
Recomeçar.

Quero vaguear nas estrelas
E sentir a luz da lua a iluminar o meu caminho.
Quero beber cada gota de chuva,
Sorrir para cada raio de sol.

Não consigo mais rápido a desfazer-me das minhas memórias.
Apenas não encontrei a chave para fechar de vez o meu pesado baú.

Almejo murmurar nomes conhecidos pela última vez
E arrancá-los definitivamente do caderno amarelecido da minha existência.

domingo, 13 de agosto de 2006

Um rápido olhar...

Tentei ser sonhadora,
Colorir os dias com cores alegres.
Tentei fantasiar,
Pintar os entardeceres Outonais
Com tons de dourado.

Com frágeis pincéis rasguei a tela branca
E macia à minha frente.
Mundo concreto dentro do abstracto.

Percebi tudo isto através de um rápido olhar.
Um olhar fugaz e tímido que me abriu as portas
Do conhecimento e da quimera.

Apenas um olhar...

Jogo rápido...

Dar as cartas.
Estratégia.
Ambição e poder.
Vício.

Primeira jogada.
Primeira derrota.
Ambição desmedida.
Cegueira de valores.

Mais e mais jogadas.
Derrotas sucessivas.
Loucura e poder juntos.
Abismo.

Fim do jogo.
Um jogo rápido.
Morte.

Rápido e potente

Um dos piores males soltados por Pandora
Quando, motivada pela curiosidade,abriu a caixa.
Maldito sentimento que espalha a discórdia,
Destrói laços.

É uma praga que adoece os seres humanos,
Tornando-os execráveis, nefandos.
Maldito Egoísmo!

É rápido e potente.
Eficaz. Calculista.

Tantos que sofrem,
Tantos que estão presos a uma certeza absurda.
Tanta ambição, tanto querer desmedido.

Vejo tanta gente adormecida na sua vida...
Vejo tanta gente cega pela posse.
Vejo tanta gente dominada pelo Egoísmo...

Rápida e eficientemente

Rápida e eficientemente.
É assim que o teu veneno actua em mim.
É assim que o teu veneno mortal de escorpião
Actua em mim.

Tantos efeitos secundários...
Alucinações! Vejo-te em todo o lado,
Sonho contigo...
Dores! Quando vejo que não estás
É isso que sinto...

Pouco a pouco entraste na minha vida...
Nem me apercebi das porporções que tudo isto alcançou...
É segredo aquilo que construímos.
Dois mistérios num só mistério.

Estou à beira da loucura ou da morte.
Estou à beira do precipício ou da liberdade.

Mas o teu veneno continua em mim,
Espalhando-se por cada centímetro do meu corpo.
Arrepios, risos, sorrisos...

Uma picada mortal...
Há dias em que agonizo
E dias em que me sinto leve, solta...

Mas tudo isto é segredo...
Xiu.

Falsa Felicidade

Bailas naquilo a que chamas felicidade.
A exuberância tenta colmatar as falhas
Que encontras em ti.

E é por isso que o teu sorriso é artificial,
como as flores!
Tens a beleza, mas falta-te a vida, o aroma da vida!

As melodias que entoas são plagiadas.
Não tens alma para criar as tuas.
Os perfumes que usas foram manipulados;
Não consegues inventar a tua fórmula!

E é a isto a que chamas felicidade?

Onde encontrar a felicidade?

Felicidade! Felicidade!
Onde estás?
Onde te posso encontrar?

Tenho tantas perguntas para te fazer!
Quero-te perto de mim!
Mas sei que tens de visitar tantas pessoas
E dar-lhes um bocadinho de ti...

Felicidade, não te quero só para mim,
Mas preciso que fiques junto de mim,
Que me dês força,
Que me faças acreditar no teu segredo.

Procurar-te-ei na verdura dos campos,
Na serenidade da manhã,
No calor do sol...

Procurar-te-ei na ferocidade do vento,
Na dor da chuva,
Na escuridão da noite.

Quando te encontrar, terei perdido a minha felicidade...

Aqui vou ser feliz!

Aqui vou ser feliz.
Vou procurar o teu olhar,
Deixar que a luz dos teus olhos inunde os meus...

Aqui, onde há fantasias e desejos,
Vou ser feliz contigo
E comigo.

Vou percorrer os recantos mais selvagens
Desta floresta que nos cerca,
Levar-te a beber a água cristalina da fonte
Mais bela e misteriosa.

Aqui, vais deixar que eu me enfeitice
Pelo teu gesto meigo,
Pela suavidade e segurança das tuas mãos
Que procuram a minha pele...

Aqui. Eu e tu.
E mais ninguém.

Felicidade amarga...

Não. Não.
O que sinto não é felicidade.
Não pode ser felicidade.
Jamais será felicidade.

Ou talvez seja o travo amargo
Que percorre a felicidade.
Ou talvez seja um sorriso falso,
Uma lágrima forçada.

Não. Não.
Já não sei o que sinto.
Mas não pode ser felicidade.
Apenas uma felicidade amarga,
Quase dispersa nas ondas mágicas
Que me inundaram...

Um "eu" feliz...

Alegria, êxtase.
O inesperado trouxe um sorriso
Ao meu rosto,
Fez com que os meus olhos voltassem a brilhar.
O inesperado devolveu-me aquele sonho.

De um momento para o outro,
Eu senti-me feliz, verdadeiramente feliz.

Gritei, ri, sorri, brilhei.
Momentos tão genuínos, mágicos.
Ali descobri um "eu" feliz,
Um "eu" que se escondera de mim
Há muito, muito tempo...

Uma lembrança,
Um sinal.
Um arrepio,
Um desejo...

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

A importância de ser feliz...

Ser feliz - uma expressão composta por duas palavras, mas que esconde um mundo de escolhas, veredas de tristeza, momentos de inquietude e dúvida.
Ser feliz consiste em realização pessoal e realização do outro; não podemos ser felizes sozinhos. Temos necessidade de fazer alguém feliz (nem que seja durante alguns momentos...).
A felicidade não está à venda; é produto único do percurso de cada ser, das escolhas que fez, daquilo que deixou para trás para seguir o que o seu coração disse, das lágrimas derramadas quando obstáculos mais poderosos o tentaram derrubar e aniquilar.
Porém, é de realçar que as pessoas têm pequenos sinais de felicidade e não se dão conta disso: o prazer de sentir a água salgada do mar, a textura de uma folha jamais vista, o aroma da terra molhada depois de uma noite de chuva intensa, um sorriso espontâneo, um gesto de compreensão de parte de alguém desconhecido, um carinho inesperado, um olhar generoso...
Tantos pequenos vestígios da grandiosa felicidade e ninguém se dá conta deles... Não há curiosos a querer seguir o seu rasto... Apenas as crianças! Elas estão atentas, percebem o que de mais belo há e é por isso que são tão espontâneas, tão sinceras...
Infelizmente isso não acontece com " as pessoas grandes" (como diria o pequeno Principezinho)! As pessoas grandes estão demasiado ocupadas com as suas vidas preenchidas de valores materiais e símbolos que transmitem negatividade. As pessoas grandes não têm tempo para elas nem para conquistar a sua própria felicidade.
Conheço uma pessoa grande que não é feliz porque, infelizmente, não aproveitou a oportunidade que teve. Hoje, é uma pessoa magoada com a vida, frustrada e que frustrou os seus próprios sonhos e objectivos. Hoje é uma alma que vagueia e que se tenta erguer... Mas o seu futuro não se avizinha bom... Já está fraca, demasiado fraca para voltar a lutar...
É por isso que ser feliz é importante: é importante lutarmos por nós mesmos! Se não formos nós, quem o fará?

Eu vou conseguir voltar a ser feliz...

Eu vou conseguir voltar a ser feliz!
Nem que seja preciso pintar os céus de um negro atemorizador,
Nem que os raios do sol escaldante congelem no tempo.
Eu vou conseguir voltar a ser feliz.

Eu vou pintar sorrisos maravilhosos no meu rosto,
Vou enterrar os fantasmas,
Vou abraçar a água gelada que me purifica,
Vou beber da fonte que me dá a vida.

Transformarei a tristeza em alegria,
Trarei a cor ao mundo que me cerca,
Ao meu mundo de fantasia.

Eu sei que vou conseguir mover as montanhas,
Contar cada grão de areia que existe,
Desenhar com as nuvens no limpo céu.

E tudo isto para conseguir ser feliz,
Porque ser feliz é o caminho que todos querem alcançar.

Será que eu quero?
Ou será que estou a seguir o que me dizem os outros?

domingo, 6 de agosto de 2006

Mundo Antigo

O que há a dizer sobre ti?
Quais são os teus âmagos mais bem guardados?

Mundo Antigo, mundo de várias histórias,
Melodias, sentimentos...
Mundo Antigo repleto de sonhos não concretizados
E de arrependimentos vis.

Mundo Antigo repleto de amores e dissabores;
Preenchido por torturas e horrores...
Belas obras, grandes vitupérios...
Destruição de grandes impérios...

Grande mundo...

Grande mundo que abraças teus filhos
Com desigualdade!
Grande mundo que prometes castelos fortes
E apenas ofereces grãos de areia e conchas partidas...

Grande mundo subtil,
De pequenez escondida,
De receios vários,
De tempestuosas relações...

Grande mundo que abarca mistérios,
Resolve enigmas,
Espalha o seu veneno
E não fornece o antídoto...

Grande mundo que me tem,
Que te tem,
Que nos isola.

Grande mundo que nos escolhe a dedo.
Grande mundo que possui pequenos habitantes...

A magia do mundo...

Mundo mágico, mundo exterior com as suas Naturezas diferentes e fascinantes. O mundo é magico em determinados locais, não em todos.O mundo é mágico em locais jamais descobertos.
O mundo tem magia quando esta provém do coração modesto que a possui. Contudo, esse coração é único no mundo. Ninguém sabe onde ele está e a quem pertence. Absolutamente ninguém.
A magia do mundo encontra-se camuflada. Está muito bem escondida, muito bem preservada, porque nem todos têm o direito de usufruir dela. Talvez seja por isso que as pessoas são infelizes. Talvez aqueles pózinhos tenham acabado de vez e já não existam mais feiticeiras para os conjugar. Talvez seja por isso que os olhares só brilham devido às lágrimas derramadas...
Afinal, todos renegam a magia que existe no mundo e nas suas várias espécies de animais, plantas e pessoas, mas todos precisam desses outros elementos para viver...
Oh...Gente indecisa, confusa e sem um ombro amigo para descarregar as mágoas... Há tanta gente sem magia...

Mundo Imperfeito...

Mundo- esfera compacta de dissabores,
Vidas.
Mundo- essência da imperfeição.

Mundo de angústias construído
Por uma só dor comum a todos.
Mundo cujas bases são o rancor
E o ódio.

Mundo pequeno, interligado.
Mundo vasto, sem alma.
Mundo imperfeito.
Mundo inefável.

Talvez um mundo sem utopias,
Sem sóis nem chuvas.
Talvez um mundo só
No meio das suas gentes...

"Admirável mundo novo"

Admirável mundo novo que se afunda em desgraças,
Que desgraça as vidas frágeis que encontra
Lançando os males escondidos na caixa de Pandora.
Admirável mundo novo que se aniquila ao longo dos tempos,
Que prova o próprio veneno espalhado pelo seu podre corpo.

Admirável mundo novo que semeia a injustiça,
Acredita nos fins e justifica todos os meios,
Destrói os mais inocentes sonhos,
Tortura os fracos.

Admirável mundo novo que apaga olhares
E colhe tempestades!
Admirável mundo louco que navega no que acha ser o correcto,
Mas que se dirige a passos largos para o abismo...

Mundo cruel

Mundo cruel, revela-nos os teus segredos
De agora.
Diz-nos por que é que nos fazes sofrer
E escolher os caminhos errados.

A tua maldade faz eco nas nossas mentes pecadoras;
Os teus sentidos apurados confundem-nos!
Não sabemos o que fazer.

Apenas esperamos lentamente pela morte.
Observamos o relógio parado.
Horas, minutos, segundos vividos intensamente,
Plenos de angústia.

E tu, Mundo, regozijas!
Um sorriso sarcástico denuncia a tua presença maléfica...

Perdoa-nos... Foi apenas um desabafo...

Se eu fosse a dona do mundo...

Se eu fosse a dona do mundo, não seria ninguém. Estaria demasiado ocupada a tentar agradar a todos, a resolver os problemas criados pelos meus inquilinos...
Se eu fosse a dona do mundo, teria muito trabalho: teria de cuidar pessoalmente de todas as minhas aromáticas flores, arrancar as ervas que cruzassem o seu caminho; teria de falar com o sol e com a lua para que se entendessem; teria de criar mais estrelas para poder colocar sorrisos nos pequenos e nos grandes. Se eu fosse a dona do mundo, o meu dia não teria vinte e quatro horas, as minhas noites seriam passadas em claro, os meus dias seriam incríveis e diferentes.
Se eu fosse a dona do mundo, acabaria com o sofrimento que existe nele; erradicaria o Mal e colocaria anjos da guarda junto de todos os meus inquilinos...
Se, se, se. Afinal, o mundo é feito de certezas e "ses". É feito de nadas, de manhãs bonitas e manhãs tristes; noites estreladas e noites em que os gritos aterrorizam os espaços. Afinal, o mundo é feito de escolhas e sacrifícios, dúvidas e lamentos. Em todos os locais e com todas as pessoas: diferentes actores e, consequentemente, personagens; diferentes cenas e actos. Todavia, um mesmo argumentista e realizador. É famoso, reconhecido por todos; não tem descanso- o Mundo...

Mundo...

Uma grande esfera plena de seres, emoções, sentimentos, problemas, desgraças, catástrofes, desigualdades...
Cada um dá uma parte de si ao Mundo, talvez aquele que dá as cartas e decide o jogo. Cada um se esforça para o melhorar, dinamizar, estimar... Todos o encaram com um sorriso, apesar de ele, por vezes, cometer grandes injustiças. Todos.
Poderoso Mundo! Sempre que penso na palavra "mundo", surgem-me imagens de pessoas em equilíbrio com a Natureza; surge-me um espaço vasto e colorido, onde animais e plantas dão um toque delicado. Surgem-me pessoas a esboçar sorrisos, a cantar, a respirar vida. Apenas surge uma face do mundo, aquela que é mais agradável de ver. Mas também me surgem imagens horrendas e que mostram o quão terrível é esse mesmo mundo: crianças sub nutridas, olhares tristes, solidão, egoísmo, guerras, crianças que pegam em armas em vez de brincarem com carrinhos e Barbies. Curiosamente, é nesta face ferida que surgem os olhares mais humildes e esperançosos, os seres mais espontâneos e bondosos. É aqui que estão os exemplos da Humanidade. De que serve uma flor colorida junto daqueles que estão fartos de ver flores coloridas? Estes exemplos de pessoas sabem reconhecer o valor dessa mesma flor...
Gigante Mundo! Pai e padrasto; tira e dá; ampara e deixa cair...
Isto nunca mudará! Será sempre um ciclo vicioso...
Apenas o sonho pode continuar a existir e a tentar mostrar a sua luz...

Viajar em becos escuros...

Becos escuros.
Ruelas de tentação
E perigo.
Eu e a noite.

Eu e a noite escura e trágica
Somos uma só.
Ambas temos o luar,
Mas também um céu carregado
De nuvens que o escondem.

Eu e a noite viajamos juntas,
De mãos dadas.
Ela ouve os meus lamentos,
Seca as lágrimas que escorrem
Pela minha face.

Ela sussurra palavras doces e verdadeiras,
Ela faz com que eu a escute...
E é escura, mágica, renegada por muitos...

É ela que me faz descobrir as pétalas murchas
Que habitam em mim...

Viajar dentro de ti...

Viajar dentro de ti
É viajar no mundo das surpresas.

É encontrar-te diferente,
Mas, ao mesmo tempo, igual.
É ver-te livre e apaixonado,
Mas,ao mesmo tempo, reservado
E preso a ti.

Descobrir uma pessoa
Que os meus olhos enamorados
Dizem ser fantástica;
Descobrir alguém que a minha mente
Confusa diz ser apenas alguém
Que me faz sentir especial.

Viajar dentro de ti é perigoso.
Tens rosas cobertas de espinhos
Que me magoam se não me acautelo;
Tens mil sóis que me podem cegar.

Possuis castelos imensos,
Mas todos são feitos de areia.
Tocas em conchas que se partem
Quando sentem a tua pele macia.

Última Viagem!

Não encontro razões para a escolha deste tema. Última viagem?! Para onde? Com quem? Porquê?
Apenas uma última viagem. A minha última viagem, a sua última viagem, desconhecido. A tua última viagem, meu amigo; a nossa, a vossa, a deles. Apenas uma viagem dentro de cada um de nós e fora de cada um de nós. Uma última oportunidade para descobrir um outro dentro de um "eu" ou um "outro" em outro "outro". É apenas a derradeira manifestação daquilo que é o ser humano e daquilo que procura alcançar.
Talvez seja a nossa última viagem que nos responda às perguntas. Contudo, questiono-me se novas perguntas não surgirão e se não será necessário fazer mais uma viagem...
Não é preciso mudar de espaço físico; basta imaginar, pensar... Basta vasculhar nos recantos mais sórdidos, mais inocentes, mais escondidos, simples, complexos,meigos, sensatos de cada um...
A todos desejo uma boa última viagem...

Viagem sem Rumo...

Para onde vou eu?
De quem me escondo?
Qual é o meu caminho?
Deixarei pegadas?

Quererei deixar indícios da minha
Rápida passagem por este sítio?
Onde começou a minha jornada
Rumo ao desconhecido?

E porquê esta viagem?

Apenas pegar na mala
Das lembranças
E lançá-la no abismo
Que me alicia.

Apenas pegar num corpo
Despido e tentar levá-lo
Ao encontro da alma que o espera.

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Viagem inesquecível...

Talvez voar...
Sentir as lágrimas ásperas
De saudade a ferir a pele.
Talvez sair de mim
Para entrar noutro mundo.

Uma aventura longe de mim,
Mas em mim...
Sem destino, sem mapas,
Sem horários.
Apenas eu e o desconhecido...

Eu e a minha luz...
Eu e os meus medos e esperanças.
Eu e as minhas raivas.
Eu e o que faz parte de mim...
Lado a lado; sem pressas.

Apenas o luar nos ilumina...
Por vezes, uma nuvem aparece
E traz uma nuvem negra que ameaça
Destruir o percurso...




E a viagem?
O que aconteceu?
O que descobri?
Quem descobri?

Isso não revelo.
Apenas uma viagem inesquecível...