quinta-feira, 24 de março de 2011

é um vazio um monstro com asas de veludo um café frio
que caiu mal no estômago
tenho um travo a papel na língua um lápis aguçado encostado
à
garganta
pronto a rasgar a jugular e a jorrar sangue por todo o lado
sangue vermelho morto em fios em gotas em poças
sangue quente de ontem

quinta-feira, 10 de março de 2011

Do tempo

Quanto mais tempo irá passar
nas minhas mãos, na minha boca,
         pelos meus olhos,
            na minha pele,
no meu gesto inquieto, vulgarmente
frágil como se fosse um cliché
para que te lembres que a língua perde o sabor
e o perfume dos corpos comungando
da fome do corpo
dura apenas um segundo na eternidade finita
                         da memória?