quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

-Vou dormir.
-É melhor, é.
Vira-se para o outro lado. De costas.
um
para o outro.
Puxa os cobertores até cima.O quente da lã sorve a pele.
tic
tac
tic
tac
Insónia dolorosa.
Uma flanela patética
rejeita-lhe as lágrimas.
tic
tac.
Estica o braço. Atira o despertador para o chão violentamente.
-O que foi?
-Detesto o som dos ponteiros.
-Ok.
tic
tac
tic
tac
tempo amorfo.
continua o fio de luz do candeeiro
desmaiado
da rua a atravessar o quarto.
-Que horas são?
-Não sei. Deixaste cair o relógio.
tic
tac
Levanta-se.
-Onde vais?
Veste-se na escuridão, a camisola ao contrário.
-Ai.
O fecho feriu-lhe a pele.
-Onde vais?, repete
-Embora.
Silêncio. Pupilas (in)diferentes
reagem.
-Não.
-Há tempo a mais neste quarto.

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