O meu telemóvel morreu.
Eu sei que o tema não é
poético
mas o meu telemóvel
que morreu
tinha o meu último poema
(o único de há meses)
escrito na escuridão e na luzinha pálida
de um ecrã moderno
em que as letras
não se desenham,
dizia eu
que o meu último
poema
se perdeu
morreu
o telemóvel não liga
não me lembro
das palavras exatas
era sobre um coração a bater na
mão
e uma metáfora e um provérbio
de ter
o coração
nas mãos
(quem o tem)
(talvez não só tenha morrido
o telemóvel,
o poema,
a facilidade da tecnologia,
talvez o coração
talvez)
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