domingo, 2 de fevereiro de 2014

«a dor de todas as ruas vazias»

relembrando Al Berto


Poderia ser noite
ou dia
os olhos nada distinguem
porque veem para dentro
as ruas respiram ofegantes
o chão pisado por milhares de pares de sapatos
todos os dias
a todas as horas
os cheiros, os sons
e mesmo assim ecoa
a dor de todas ruas vazias
é pedra, betão, paralelos
não sei
a dor de todas as ruas vazias
o vazio
a dor
as ruas
palavras escondidas em livros
carne cauterizada no papel
e a dor de todas ruas vazias
do coração que de tão cheio
esvaziou
oco
desapegado
selvagem

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