quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Eu sou um todo vazio.
Sou um corpo e uma alma.
Mas, principalmente, sou uma alma espelhada num corpo.
Através dos olhos, do olhar.

As lágrimas caem enquanto a mão torturada escreve,
Enquanto sigo um rumo desconhecido e não encontro
Paz ou sequer um mero transeunte que me possa ensinar
O trilho certo.

Faço planos que não sei o que são, construo sonhos sempre.
E desisto. E quase apago o olhar.
E assim o tempo corre devagar, passando por mim, intemporal.

E assim sinto o peso dos segundos, o relógio imponente que rege o que sou.
Não sei para onde vou. Sou uma torre de marfim fechada, maravilhosa.
Quem me esculpiu perdeu o molde, perdeu a precisão no gesto.

E no meio da multidão grito por socorro silenciosamente.
Muitos me olham, fingem entender.
Sou um tudo que não é nada.
Sou um pedaço de alma perdido no vazio dos corações.

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