quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Incisão profunda na palma da mão.
Não brinques com facas, cachopa.
Olha que te cortas e te magoas.
Corte atrapalhado. Não são mãos de cirurgião.
Respira pausadamente. Não gosta de ver sangue.
Já te disse para não brincares com facas, miúda!
Mais profundo, até o encontrar. Nunca teve muita destreza.
Ainda para mais com a esquerda. Mão desastrosamente
amorosa, apaixonada.
Deixa lá isso quieto! Já te disse que te vais cortar
e depois choras!
Procura-o, o bico da lâmina persegue-o.
Toca-lhe
suavemente.
Cerca-o.
Mais um corte aqui, outro ali.
Extrai-o.
Eu bem te disse que te ias magoar! Agora choras, pois!
Olha o coração arrancado do corpo, o buraco profundo da mão
que continuamente jorra sangue.
Sem expressão relembra
"Estou a sentir o teu coração a bater na tua mão".

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