É estranho rabiscar cadernos
Se o que quero é riscar palavras.
Estão todas concentradas algures no meu corpo,
Escorregaram-me dos dedos inseguros para parte incerta.
Se calhar tenho as palavras nos pés
E estou de cabeça pra baixo
Ou então estou cansada para me mexer
E estou deitada em cima de folhas de cadernos
Rabiscados e escritos,
Palavras que correm e atropelam linhas ou quadrículas.
Ah! É isso! Vou passar a escrever em cadernos quadriculados.
Finjo-me de amiga da Matemática e ponho ordem no ser
E aprendo a resolver problemas.
(Será por pouco tempo porque, afinal,
Sou ordenadamente desordenada
E vivo na minha bagunça arrumadinha
Como livros gastos nas estantes
Ou na caixa de cartão no chão do quarto
Porque me cansei de prender prateleiras à parede,
Vê-las desabar, desvirginar tinta branca
E rachar madeira quando a noite cai.)
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