quarta-feira, 14 de abril de 2010

Queria ter a coragem de inventar que dormi com outro. Que o meu corpo por momentos deixou de te querer e preferiu satisfazer o desejo a continuar dormente e intocável. Telefonar-te quando o dia acabasse porque o meu tempo correu, tropeçou e voltou a correr e só naquele instante o tive para ti. A tua voz silenciada talvez acordasse se eu te dissesse o que pretendia. E aí poder-me-ias dizer És uma puta. Assim eu saberia que a tua tranquilidade se alterou, que viraste fogo porque a tua mulher teria dormido com outro, mesmo que o teu nome fosse o único a ecoar na cabeça dela. Poderias dizer-me És uma puta as vezes que quisesses que eu estaria a ter prazer em ouvi-lo. Pelo menos serias um homem ameaçado e obrigado a baixar os olhos para mim, que já te sou tão indiferente e tão dispensável. És uma puta - e da tua voz, através de redes de fios complexas, de sinais e códigos, eu poderia sentir o desatino do teu corpo, os teus olhos flamejantes e o orgulho que eu feri propositada e falsamente. Mas não. Nem sequer uma forma verbal, um artigo indefinido e um substantivo tens para me dar. Nem para me dizer És uma puta. E mesmo que fosse uma traição fingida e que nunca mais me tocasses sem pensar em mim nos braços de outro, que na tua cabeça ecoasse És uma puta, continuarias a ter-me.

5 comentários:

possível outro disse...

se quiseres posso dormir contigo e assim escusas estar a mentir e vês mesmo o que acontece.
tudo para o teu bem =p*

Voluptia disse...

Um comentário desses só podia vir de ti! ah ah ah ***

Anónimo disse...

eu tambem de ouvir
-es uma puta. mas olha estes seres de pilau sao todos uns ingratos xD

fã disse...

VOLTA VOLUPTIOSA! O teu clube de fãs anseia-te!

marla singer disse...

excelente