domingo, 14 de janeiro de 2007

Natureza destruída

Sai daqui, Homem!
Olha à tua volta.
Olha a tua casa.
Observa a tristeza no rosto de tua Mãe.

Pétalas secas.
Frutos que se perdem.
Raizes que não se prendem ao chão duro.
Árvores mortas.

A culpa é tua, Homem.
Agora é sempre noite.
Nem a luz do sol alivia todo este sofrimento causado por ti.

Espalha a tua maldade noutros corpos. Estes já foram por ti envenenados.

Castelo destruído

Aquela princesa das minhas histórias perdeu-se.
Poderia ser Julieta ou Maria Eduarda, mas chama-se Teresa.
Observa o seu castelo, as pedras que um dia acolheram noites de baile,
Encontros secretos.
Está nos jardins! Pobre moça!
Ele continua sentado junto da flor!
Ambos se perderam!

Mas, ao contrário de todos os amores proibidos,
Eles vão seguir o seu caminho aqui.Juntos.
Caíram na abençoada tentação!
Não têm castelo, mas continuam a ser um solitário e uma princesa
Que, jovem, sente por ele um amor excepcional.

Vida destruída

Tu, que vives na selva de horrores,
Que sacias a fome quando Ele te estende a mão,
Que matas a sede quando encontras água,
Que escondes um pequeno pássaro nas tuas mãos pequeninas e bondosas.
Que acordas com o sol triste e te deitas com a noite angustiada.
Tu, que tens a vida destruída, olhas-me com um sorriso.

Eu, que viajo pelo mundo, que vejo pessoas,
Que resolvo enigmas, que tenho uma paisagem bela quando olho pela janela,
Que rio do que não tem graça e que tenho a vida destruída,
Contemplo-te com lágrimas nos olhos e não te retribuo o sorriso.

Amanhã destruído

Estou deitada na minha cama.
Circulam versos pela minha alma.
Mas não quero escrevê-los.
Não quero que ninguém os saiba
Porque são só meus!
O dia que não chega, a noite que não passa.
Não consigo dormir. Estes versos malditos
Continuam a perturbar o meu espírito.

Mas não tenho motivos para me afligir.
O amanhã que em breve chegará é apenas névoa.
E eu não quero acordar. Assim não sofrerei por vós
Nem pelo amor que me quereis conceder.

Sorriso destruído

Eu sei que vês um sorriso na minha face.
Sempre o viste. Mesmo quando quero deixar a raiva apoderar-se de mim!
Quando quero ser irónica ou quando quero ser cruel.
Todos esses são falsos.

O único verdadeiro foi destruído somente por ti!
Dedicado a ti, criado por ti nas manhãs de Outono
Em que me acordavas e abrias as janelas para que o sol fraco
Iluminasse o meu dia.

Alma destruída

É esta a noite que me acolhe. Está tanto frio.
A lareira e as mantas já não me aquecem.
As luvas vermelhas rejeitam a minha pele.
A minha mente rejeita o meu coração.

Oh! Ele é tão cruel! Não o entendo nem nunca o entenderei!
A minha mente não entende que se magoe e que se mate lentamente.
E a causa és tu.
Quem és tu?

Tu és...tu foste! Sim, tu foste alguém que fez com que os meus olhos brilhassem
E que a minha alma se destruísse para que nunca mais eu voltasse a viver!

Sonho destruído

Tinha tantos sonhos! Sonhava com Primaveras repletas de desejos e flores!
Com almas que planam livres. Com olhares envergonhados ocultados pela noite!
Com corpos que apenas vivem por se quererem.
Mas tinha apenas um sonho verdadeiro: tu.
Tu, aquele que quis e que já não quero.
Tu, que destruíste o meu mais puro sonho
Para o manchares com sangue sujo.
Vai-te embora. Nunca mais me procures
Nem ouses proferir diante de mim a palavra "sonho".

Esboço perdido

Hoje sou princesa de um reino perdido no meio do nada.
Vivo só no meu castelo. Apenas existe um homem no meu espaço.
Quero vê-lo, mas não posso. Também ele está só.
Também ele se julga perdido.

Um dia passeei pelos jardins do meu frágil castelo
E vi-o sentado junto da minha flor.
Contemplei o seu gesto, escutei as suas palavras.
E fugi.

Se eu o olho, perco-me.
E aí, o meu castelo destruir-se-á para sempre.

Esboço ferido

Diz-me, jovem, por que apagaste as marcas de sangue do meu esboço?
Ele não estava ferido!
Ele apenas quis ter vida e eu dei-lha!
Ele apenas quis sentir e eu...

Diz-me, jovem imaturo, por que rasgaste o meu esboço?
Estava guardado no baú das recordações e lá deveria continuar.
Apenas incendiaste o coração que há muito se habituara a sonhar e viver só.
Trouxeste-me noites e noites de esperança e dias e dias de amargura!

Mas conseguiste que o meu esboço se transformasse em mim.
Ele nunca foi ferido, mas eu já fui.

Esboço de alma

Tenho um anel de brilhantes na mão esquerda.
Contemplo-o e sinto que não tem significado.
Tantas pedras pequenas! Tanto valor!

A minha mão pesa! Esses brilhantes preenchem-me a alma!
(Como a fazem doer...!)
Toco nos objectos e todos se partem.
Acaricio as pessoas e todas choram!
Mas não tenho coragem de arrancar os brilhantes
E ficar apenas com uma aliança.

Prefiro nada a nada.

Esboço mágico

Nesta longa noite não dormi.
Fechei os olhos, tentei escutar o vento,
Mas só as tuas palavras surgiam...

Pensei em conversar contigo.
Falar-te de flores, de vida, de sonhos.
Imaginei o que me dirias!
Mas tudo não passou de um momento mágico!
Tu não compreendes esta alma que te escreve sem cessar
E que te quer sem te querer.

Esboço de alegria

Tenho papel, tenho carvão.
Tenho vontade de ver os meus dedos negros e avermelhados.
Quero sentir o sangue a percorrer as minhas mãos.
Quero viver um sonho.
Quero alcançar o que não preciso.

Quero ver aquela folha branca com riscos
E formas que não conheço.
Quero ver um desconhecido que me dá prazer.
Quero apenas esboçar a alegria que nunca senti na vida
No simples murmurar de um pedaço de papel amachucado
Pelas mãos do poeta.

Esboço

Vou pintar um quadro preto e branco.
Não quero pincéis nem tintas.
Só quero uma tela invisível.
Só preciso de silêncio.

As horas passam. A avenida continua igual.
As pessoas passam apressadas.
Não têm mistério.

O meu quadro não existe.
Só sei que tem um fundo preto
E gritos brancos.
É a minha alma que chora.

Deito fora aquilo a que chamei quadro.
Não o é.
É apenas um esboço mal feito daquilo que não sinto!