quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Reviver o passado

Julgava eu que o choro convulsivo, magoado me tinha abandonado de vez. Não, estava apenas disfarçado de indiferença. E hoje senti o grito dolorido e sufocado. A voz que falha e o chão que nos acolhe. Senti os olhos a arder. O corpo sem forças. As lágrimas a cair e a acariciar o meu rosto queimando-o como já há muito não faziam, lembrando-o da densidade dos gestos, de palavras que ferem e ainda mais das que não foram ditas, das que trariam sorrisos e me fariam repousar serenamente.
Não. A dor voltou. Talvez porque eu própria tenha parado de fingir para mim mesma, porque tenha medo sem máscara, exposta e pura, apesar de todos pensarem que tudo em mim é falso quando, na verdade, estou despida à frente de todos, sofrendo em silêncio e sabendo qual será o final da história. Afinal chegou mais tarde do que o que eu previa: o choro e o chão gelado acolhendo a escuridão.

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