quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Quis pegar no lápis, na caneta, na pena.
Quis ir buscar um papel vazio
Desejando atirar as minhas palavras ao acaso.
Quis pegar num caderno e arrancar todas as folhas,
Rasgá-las uma, duas, três vezes.

Quis pegar num livro e arrancar-lhe as histórias.
Já quis apenas querer.
Não tive coragem de destruir palavras nem de rasgar as folhas.

Hoje quero pegar numa pedra, atirá-la ao chão e parti-la em mil pedaços
Apenas com um gesto brusco.
Mas a minha mão já não tem forças,
Os meus olhos já não tem lágrimas para chorar a perda.

Fiquei à chuva com uma pedra entre as mãos.
Agarrei-a como nunca agarrei a minha vida.
E passaram-se horas, dias.
Vi o sol nascer e dormir todos os dias,
Vi a lua a sorrir e pontinhos brilhantes lá em cima.

Mas nada teve significado. Despertei apenas quando a pedra
Desapareceu das minhas mãos. Finalmente movi o meu corpo
E senti um pedregulho cinzento, ferido e frágil no lugar de coração.

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