quarta-feira, 15 de abril de 2009

Doeu chorar sem alma, sem corpo
Tendo corpo
E tendo o coração a sangrar o dia todo,
A noite toda. Gotas de sangue a cair no chão,
A enfraquecer a carne e o gesto.
Olhos que se apagam como candeeiros cuja lâmpada fundiu;
Como trovões que caem em árvores e provocam incêndios;
Como fumar um cigarro e não sentir a nicotina
A invadir o corpo.
Escrever com uma caneta sem tinta
E ter palavras invisíveis perdidas nas linhas do papel.


Doeu chorar sem calma, limpar as lágrimas à manga da camisola,
Olhar um espelho e não ter reflexo. Naufragar num beijo.
Perder a terra. Ser um galeão saqueado por piratas.


Doeu como a arma que se dispara e cuja bala fere o corpo
Deixando cicatriz. Doeu pisar as pedras da calçada com sapatos
Mas descalça, não sentir vidros e cortar-me, torcer o pé ao andar de salto
Porque a angústia me fez correr em terreno incerto.


Doeu ver uma palavra desferir o golpe mortal
Na minha alma e não ter direito a um segundo de misericórdia.
Só sangue e…vazio.

4 comentários:

Vânia disse...

Adorei ler isto. Ta perfeito. Triste e doloroso, mas perfeito! *

Carolina disse...

Há muito tempo, uma música me disse que "eventualmente o peito deixa de doer".
eu acredito (, desconfiando).
gosto de ti.

Daniela disse...

maldito passarinho verde! Lol

Dr. Love disse...

Muito bom, mesmo! É muito complicado ser rejeitado pela pessoa que amamos mas o tempo tudo cura e o vazio que ficou é ocupado por um novo amor (quando o é lol)
Vamos ser positivos...acho...