terça-feira, 14 de abril de 2009

É o que nos resta.
Não me faz falta ouvir a tua voz.
(Tu não queres ouvir a minha.)
Os dias correm como sempre correram.
(Os meus não.)
A chave continua a abrir a porta apesar de gasta.
(Perdeste a tua chave.)
Eu entro em casa, atiro-a para cima da mesa;
abandono a mala que me pesa o dia todo no ombro esquerdo.
(Só a uso no ombro esquerdo.)
Descalço os sapatos, o casaco já incomoda.
(E tira-se, dizias tu com olhar malandro.)
Chego ao sofá e sento-me.
(Sozinha.)
Sinto a porta a bater e penso que decidiste voltar.
(Eu joguei a tua chave pelo vidro do carro.)
Nada. É o que nos resta.

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