segunda-feira, 14 de abril de 2008

Entregue a mim, na imensidão da sala branca vazia
Penso e rejeito lembranças.
Não quero falar, não me quero mover.
Nem sequer quero olhar.
Só assim não sei fingir.

Entregue aos pensamentos, no meio de uma multidão oca,
Recordo e avivo achas de fogueiras que já se deveriam ter extinguido.
De tanta luz, tanta cor, ficaram as labaredas magoadas, enraivecidas,
Que querem devorar tudo ao seu redor.

E se hoje me entrego a mim, na imensidão das horas paradas,
É porque um dia à luxúria me entreguei. Ócio de meros momentos
Lá atrás, no passado, hoje é fel e amargura.

Está um sol primaveril, uma manhã fria, plácida,
Diria até bonita e delicada.
Eu, da minha janela, carpo mágoas perdidas
Que é Outono e o calor deixou-me, subitamente.
O Inverno aproxima-se a passos largos.
É já amanhã, é agora.

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