segunda-feira, 28 de abril de 2008

O sol, ensonado, esboça o último sorriso do dia.
Hoje, quando amanheceu, um cinzento ardente
Pintava o céu e eu, estranhamente feliz, fingia.
Mais uma vez o relógio me atraiçoou.
E a dor, lancinante, devagarinho percorreu o meu corpo.

Olhei-o. Nos olhos. Tentei pensar.
Mas o coração hoje magoou-me.
Sinto repulsa pela carne que desejo.
Mordi o lábio e um fio de sangue
Misturou-se no meu corpo.
Olhou-me, ávido de mim.

As mãos, trémulas, não passam a fronteira
Da luxúria, da volúpia, da pureza dos nossos corpos nus,
Abraçados, parados no Tempo que silenciosamente jurámos vencer.
Olhei-o, dissimulada, procurando na gaveta dos sorrisos.
Mas os meus olhos não conseguem mentir.

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