sexta-feira, 20 de março de 2009

Hoje já era escuro e a cidade estava ausente.
Mas lá. Era eu no meio do nevoeiro, as luzes cansadas
Dos carros que querem ir para casa.
Apeteceu-me engolir a cidade.
Já não sentia o chão nem o meu próprio corpo.

Pensei na morte, na escolha. Se eu quisesse, num segundo misterioso,
Atravessaria a rua sem olhar para os carros que seguiam a alta velocidade.
Tinha perdido o meu corpo, tê-lo-ia deixado ausente de mim,
Ausente de cheiros, de cidades, de pessoas que se cruzam comigo todos os dias
Em dias diferentes quando atravesso a rotunda.
O pensamento estava ausente do meu corpo, a voz ausente da garganta,
O grito ausente da voz.
A lágrima presente no olho.

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