sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dizes que precisas de um cigarro.
E eu, do outro lado da cama, estupidamente vestida,
Olho-te sem te ver.
Estás desesperado para sentir a nicotina correr
nas tuas veias e livrar o teu sabor
do beijo selvagem que pousei nos teus lábios.
Queres respirar-me através de umá máscara de oxigénio
Desligada da botija.
Os teus olhos ansiosos espreitam indecentemente as minhas pernas
que dizes serem longas e macias
e controlas o desejo de te aproximares de mim
Sem temer a violência do meu sangue.

E o terror que mortificou a minha carne
afaga o ar que eu e tu respirámos,
o mesmo ar misturado e retalhado
e novamente inalado
por dois pulmões
que desesperam por
um
cigarro
ou um fumo qualquer
que os esbata na luz do
dia.

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