Só tenho um pedaço de papel que rasguei
ao acaso
e não tenho vontade de preenchê-lo
mas quero escrevinhá-lo.
E escrever coisas, quaisquer coisas
mesmo que não façam sentido
porque hoje que a música do violino
me embala a tarde
tudo o que ouvir será
o mais perfeito.
Olho para as minhas mãos:
o verniz vermelho-escarlate lasca
como a minha alma
a caminhar para o abismo de papel
que os meus dedos ingenuamente rasgaram
porque o tempo se arrasta a passos largos...
Suspiro.
Sinto o ar que expiro
E a música que sobre de
tom
e me desperta
e arranca o bico de carvão do papel
que tem linhas direitas
onde tudo o que escrevo está
indubitavelmente
torto.
Sem comentários:
Enviar um comentário