sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Não posso dormir. Tenho um nó na garganta e o estômago embrulhado. Os olhos pulsantes, vibrantes. Ao mínimo deslize cairá uma lágrima guardada, talvez a única em meses. Deixei de chorar, desaprendi. Pensava eu. Parece que a minha vida se anda a desenrolar no pretérito. De tão imperfeito, saboreio-o mais que perfeito. Parece um retrocesso. Um desaprender constante de lições. Porque apesar de ter os olhos secos, há um coração que chora tão assustado. Tão retraído. Com receio de cair nas malhas terríveis do...
Pronunciar palavras torna-as reais, torna-as uma promessa e uma esperança. E tenho uma mão a calar a boca, a cortar-me a respiração. E tenho a outra a segurar o coração que a tanto custo colei com fita-cola, a apertá-lo contra o peito, a dar-lhe corda e a puxar o fio. Para o ter só para mim. Para não entregar. Porque parece que só as minhas desajeitadas mãos sabem onde está o que sobrou do rolo. E é um segredo guardado a sete-chaves.
Não posso correr o risco de o voltar a oferecer. Porque depois terei de ir a becos escuros resgatá-lo, levá-lo para casa e deixá-lo dormir acordado até poder voltar a colar as peças.

3 comentários:

Branquinha disse...

Fico sem palavras ao ler as tuas palavras! Arrebatas-me de forma maravilhosa!

Deixa cair a lágrima, o pior que podemos sentir é olhos secos com um coração carregado de sofrimento!

Besito!

Rita disse...

Não podes mesmo correr o risco? ^^

Paulo Brás disse...

não q chorar seja o melhor remédio, mas no momento e na medida certos faz maravilhas.

eu sei q desaprendi e será mt difícil voltar a fazê-lo. portanto, s me magoas, parte do princípio q n chorarei (ainda q por dentro...).

mas, o nosso corpo é uma casinha muito bem organizada, percebi logo que ganhei umas outras lágrimas que valem muito muito mais. posso n chorar de dor, mas continuo a chorar de emoção, a expulsar demónios q nem sei q tenho, com arte.