O tempo apaga o que não é necessário. O tempo cura as feridas. O tempo faz com que a memória guarde todas as palavras que se tornaram importantes numa vida. O tempo faz com que as guarde, mas também as transforma em cicatrizes. As feridas criadas devido a palavras duras e amargas não se apagam. Não são esquecidas, mas apenas ignoradas durante um período de tempo. Porém, quando a tempestade desaba, as palavras que dizemos "esquecidas" emergem, voltam a rasgar a pele, voltam a dilacerar a alma. Há uma diferença: nesta situação atingem o auge; revelam-se donas de um corpo, donas de um ser...
As palavras que nos marcam são gravuras rupestres do nosso ser; são algo indecifrável, apesar de todos conhecerem o seu significado.
Porquê?
É simples: todas as palavras têm vivências diferentes, estados diferentes, significações diferentes e encontram-se em universos de pessoas diferentes...
Nenhuma palavra é; uma palavra pode ser e pode-se transformar...
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