sábado, 6 de maio de 2006

Tradição

"A tradição já não é o que era". Tudo isto denota saudade, tristeza por causa da mudança. Os seres humanos existem, seguem as regras de uma sociedade pretensiosa e traiçoeira. Voltámos à selva!Viva!
Não há princípios nem ideias. A criatividade foi despejada numa ETAR abandonada. Não há vício de sociedade, não há sede de querer, de buscar o saber, de se ser o filósofo da vida.
"A vida é uma filosofia", disse-me a minha mãe. E eu, humildemente, penso: "Uma filosofia? Sim. Mas os conceitos mudaram". Na minha cabeça deambulam pensamentos desencadeados, sombras de sonhos sentidos segundo serenos auspícios; a vulgaridade das filosofias incomoda-me. Parece que é tradição inventar filosofias em vez de se ser o criador das mesmas!
Ai, que raiva! Que raiva da tradição que, quando presente, me obriga a ser o que não quero, a ter de cumprir as regras que foram estabelecidas por almas cruéis e que, curiosamente, se passeiam com expressões angelicais! Ai, que raiva daqueles que não aceitam os outros e fazem questão de cumprir a tradição!
Ai, que contradição! Que fome de mudar as coisas, de retirar a injustiça, de espalhar Cupidos pelas paisagens verdejantes (porém, parcialmente destruídas pelo calor mortal do fogo), fazer nascer aves e mamíferos, retirar o pecado, implantar sorrisos nos rostos daqueles que não acreditam em si próprios, traçar as linhas principais de um quadro e oferecê-lo à vida para que o possa acabar...
Ai, porque é que a tradição não me aceita? Porque é que a tradição quer manter a sua posição de sábia (não buscando mais nada...), em vez de se aliar a mim, podendo descobrir o meu mundo??

Sem comentários: