terça-feira, 31 de outubro de 2006

Último silêncio

Recuso-me a proferir qualquer palavra sobre esse silêncio.
Não quero.
É só meu e de teu. De mais ninguém.
Recuso-me a manchar esse momento tão fugaz das nossas vidas.

Mas a tua boca ardente pede que cale aquilo que o coração diz
E que aja. E que te diga que te quero. E que te não quero.
E que te desejo. E que não é só isso que sinto.

Dentro de mim há silêncio. Um silêncio imperial
Que exige que decifres este enigma.
Um silêncio preso a mim e que me tem presa.
Um silêncio que queres quebrar.

Recuso-me a deixar-te quebrá-lo.
Tu vais-me magoar.
Vais bater no meu corpo frágil,
Apertar-me os pulsos finos e doloridos
Até que eu não sinta a dor.

E vais magoar os meus olhos.
Porque eles vão ver a tua crueldade
E a tua doçura.
A tua loucura e o teu pranto.

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