segunda-feira, 24 de abril de 2006

Deserto de palavras...

Milhões de grãos de areia que competem por uma oportunidade de chegar ao oásis que se esconde na imensidão do deserto... Milhões de nomes, verbos, advérbios, conjunções, locuções, preposições e interjeições desejam ser parte activa no deserto textual. São palavras que se escondem no meio de frases inacabadas e irreverentes.
O deserto envolve todos os grãos da sua areia e também todas as palavras que o descrevem. Sente a variação das temperaturas: sente o calor sufocante do dia e o frio atemorizante da noite; sente a rara brisa que o presenteia quando se sente feliz; sente o aroma do desespero das palavras perdidas, sente o sabor da sua desgraça...
É no deserto de palavras que se encontram os corações em desespero e os corações apaixonados; é no deserto de palavras que o equilíbrio existe. É no deserto de palavras que reside a beleza dos acontecimentos. É na simplicidade de cada despertar, no calor do sol no rosto, na maciez da areia que o ser se sente completo. Está desprovido de preconceitos e regras. Apenas possui as palavras, a arma da comunicação. Mas para quê comunicar no deserto? Sim, parece ridículo. Contudo, o ser pode comunicar consigo mesmo. E isso é o importante: encontrar a serenidade no meio do vazio com o propósito de se reflectir; encontrar-se no nada para poder viver o presente e o futuro...

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