Milhões de grãos de areia que competem por uma oportunidade de chegar ao oásis que se esconde na imensidão do deserto... Milhões de nomes, verbos, advérbios, conjunções, locuções, preposições e interjeições desejam ser parte activa no deserto textual. São palavras que se escondem no meio de frases inacabadas e irreverentes.
O deserto envolve todos os grãos da sua areia e também todas as palavras que o descrevem. Sente a variação das temperaturas: sente o calor sufocante do dia e o frio atemorizante da noite; sente a rara brisa que o presenteia quando se sente feliz; sente o aroma do desespero das palavras perdidas, sente o sabor da sua desgraça...
É no deserto de palavras que se encontram os corações em desespero e os corações apaixonados; é no deserto de palavras que o equilíbrio existe. É no deserto de palavras que reside a beleza dos acontecimentos. É na simplicidade de cada despertar, no calor do sol no rosto, na maciez da areia que o ser se sente completo. Está desprovido de preconceitos e regras. Apenas possui as palavras, a arma da comunicação. Mas para quê comunicar no deserto? Sim, parece ridículo. Contudo, o ser pode comunicar consigo mesmo. E isso é o importante: encontrar a serenidade no meio do vazio com o propósito de se reflectir; encontrar-se no nada para poder viver o presente e o futuro...
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