Quantas e quantas vezes nos interrogamos acerca da nossa vida? Quantas e quantas vezes derramamos lágrimas de sangue naquele dia estranho em que as horas apenas seguiram a sua ordem natural e nada aconteceu? Quantas e quantas vezes abraçámos a cruel e longa noite que nos diz "Estás só!"? Quantas e quantas vezes pensámos em arrancar a nossa raiz da terra a que pertencemos? Sim, todos pensámos nessa possibilidade. Ninguém o pode negar.
Quantas e quantas vezes quisemos ser novamente uma pequena e frágil semente? Quantas e quantas vezes as nossas lágrimas se uniram num mar de angústia e frustração? Quantas e quantas vezes quisemos mostrar a bela flor que possuimos no recanto mais belo e simples do nosso ser? Quantas vezes quisemos sentir aquele perfume suave e que alegrava o mais cinzento dia de forte Outono? Todos o admitem.
Quantas e quantas vezes te quis dizer que és a flor que aromatiza o meu dia, seja qual for a estação? Quantas e quantas vezes chorei por ver que tinhas arrancado as pétalas da minha flor sem dó nem piedade para depois as tentares juntar? Quantas e quantas vezes recordei aquele dia em que estivemos juntos?
Quantas e quantas vezes quiseste ser meigo e não o conseguiste por culpa dessa lembrança que ainda te atormenta? Quantas vezes quiseste mudar? Quantas vezes choraste ao entender, por fim, que também tu tinhas errado por culpa desse nosso confuso sentimento?
Quantas vezes quisemos arrancar as folhas da nossa flor? Quantas vezes a mão enfraqueceu nesse momento?
Eu sei, não há vida sem essa flor. Eu sei e tu sabes. Ambos sabemos, mas não o admitimos. E quanto mais o imperdoável tempo passa, mais distanciados estamos.
O Outono passou. O Inverno fez a sua entrada triunfal... Agora já a flor está nua.
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