domingo, 26 de novembro de 2006

Sem nada

Esperei pelo hoje e aguardei o amanhã.
O hoje trouxe-me um presente envenenado.
Olho para a porta e tu não chegas.
Olho para o Céu em busca de uma réstia mínima de esperança.

Já sabia que não chegarias. Eu sei quando respondes ao meu chamado - ou quando queres responder -; eu sei quando me queres falar; eu sei quando me queres ver.
Já sabia que seria inútil olhar para a porta diante dos meus olhos amargos.
Tu nunca chegarias.

Minha inquietação nota-se nos meus olhos.
Bailam, cintilam, tentam esconder aquilo que eu nunca te disse, mas que sentes e sabes.
Olho mais uma vez para a porta - a última - e tu não chegas.

O meu amanhã revelou-se ainda mais angustiante. O meu amanhã ecoa na minha mente,
Mantém-me presa, ainda.
O meu amanhã chegou sem eu querer.

Hoje, neste meu amanhã, choro.
Choro no chão duro da tristeza,
Mas acalentada pelo sangue quente
de uma ferida que teima em não fechar.

Hoje, neste amanhã, estou sem nada.

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