segunda-feira, 18 de dezembro de 2006

A escrita dos homens

Aquilo que aqueles homens escrevem não me preocupa.
Das suas mãos as palavras tornam-se frias, feias.
Não gosto daqueles homens.
Fazem-me querer procurar uma nuvem de sonho que não existe.

Vi os seus papiros perdidos no tempo
E o meu pequeno mundinho deslumbrou-se.
Tanto cor-de-rosa! Tanto vermelho! Tanto laranja!
Que bela conjugação de cores-
Aquelas palavras daqueles homens enfeitiçaram-me.

Mas existe no mundo um homem que com suas palavras me tem matado
A cada segundo que passa. Existe um homem pior do que aqueles que me iludem.
Existe um homem que roubou a minha essência e a destruíu!
Transformou a minha melodia num mero conjunto de sons.
Escureceu o meu dia. E pior do que tudo: roubou a luz dos olhos meus
Que se alegravam de olhar e ler as suas palavras doces.

São esses mesmos olhos que agora choram a dor da perda.
E não sabem o motivo. Não querem esse fim. Nunca o procuraram.
Sempre fugiram dele.
Sempre o evitaram.
São esses mesmos olhos que agora choram a certeza de um amor que não quer partir.
São esses mesmos olhos que, habituados à escuridão, dela não querem sair.

Os homens são maus. A sua escrita é vulgar - a minha não.
Não gosto deles nem dele.

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